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MBL ‘aparece’ e provoca tensão em ato de mulheres em apoio à democracia

Grupo suprapartidário de mulheres reúne-se em São Paulo para aula pública em defesa da democracia, mas PM pressiona por desocupação do espaço para dar lugar a grupo conservador

divulgação

“São os fascistas versus a Constituição. É o golpe dentro do golpe”, analisou a ex-ministra

São Paulo – Tradicional palco de manifestações políticas na capital paulista, o vão livre do Museu de Artes de São Paulo (Masp) tem recebido toda quarta-feira um grupo suprapartidário de mulheres para uma aula pública em defesa da democracia. E hoje (4), dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga o pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não foi diferente.

A presença de militantes do Movimento Brasil Livre (MBL), porém, alterou a rotina das mulheres. Temendo violência, elas decidiram suspender a aula pública e permanecer no local com cartazes em defesa de democracia, de Lula e contra o golpe.

“A gente sabe que eles agridem, provocam. Queríamos ficar mais atentas e não ser pegas desprevenidas, mas achamos importante manter o ato pra fazer um contraponto”, explicou Sônia Coelho, integrante da Marcha Mundial das Mulheres.

Cética com relação à decisão do STF sobre o habeas corpus de Lula, Sônia disse que até poderia haver uma “surpresa boa”, mas afirmou não se enganar com a postura da suprema corte, que para ela está aprofundando os problemas do país.

Problemas esses que, para a ex-ministra da Secretaria de Mulheres de Dilma Rousseff, Eleonora Menicucci, coloca o Brasil numa “situação limítrofe entre a democracia e a ditadura”.

“São os fascistas versus a Constituição. É o golpe dentro do golpe”, analisou a ex-ministra, em referência à manifestação do comandante do Exército, general Villas Boas. “Hoje é um dia importante para a democracia e a defesa dela passa a ser obrigação de qualquer brasileiro democrata.”

Presa por três anos durante a ditadura, Eleonora disse esperar que o país não caia novamente em mais “vinte anos de uma noite tenebrosa”. Para ela, o ambiente fascista que surge no Brasil é consequência da impunidade dos crimes da ditadura, que hoje legitima a violência contra a juventude, pobres, negros e as mulheres. “A mesma violência que matou a vereadora Marielle Franco, os cinco jovens em Maricá e os tiros contra a caravana de Lula”, afirmou.

Poucos minutos depois, a ex-ministra percebeu a aproximação do capitão da PM Mário Cristiano Gomes. Ele vinha informar que o grupo de mulheres precisaria deixar o vão do Masp, pois o MBL havia protocolado antes o pedido para manifestação.

Eleonora explicou que elas se reúnem no local toda a semana das 17h30 às 19h. Faltando pouco tempo para o término do horário tradicional, negociaram que sairiam em breve. No horário combinado, elas começaram a deixar o vão do Masp para se deslocar até a Praça do Ciclista.

Saíram entoando o refrão: “A nossa luta, é todo dia, contra o fascismo e pela democracia”.

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