Fumaça e pimenta

MEC ataca protesto de alunos da UnB com barreira policial, cavalaria e bombas

Quatro estudantes foram detidos. Greve de trabalhadores e terceirizados da universidade continua. Alunos fazem assembleia na próxima semana

twitter/reprodução

Estudantes correm para escapar da violência policial acionada pelo MEC para coibir protesto contra corte de verbas na UnB

Brasília – Viaturas, cavalaria e uma barreira de policiais militares. Foi assim que o Ministério da Educação (MEC) esperou a aproximação de um grupo de alunos da Universidade de Brasília (UnB) que protestavam contra o governo Temer, apontado como principal responsável pela atual crise financeira daquela universidade.

O grupo, de cerca de 100 jovens, foi alvo de bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta lançado contra os olhos, cassetetes e tiros com balas de borracha. Quatro dos estudantes foram presos e conduzidos para a 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal.

“Foi inacreditável, uma manifestação pequena que não teve sequer ensaio de qualquer tipo de agressão por parte dos estudantes, ser recebida dessa forma pelos representantes da área que cuida da educação no país”, disse a professora da rede pública Eveline Correia – estudante de Psicologia da UnB e integrante da passeata.

“Estamos fazendo de tudo para que a mobilização seja pacífica, embora haja um interesse dos representantes do MEC de passar a impressão de que o caráter das ações é violento”, reclamou o estudante de Administração Guilherme Lima

A principal queixa de alunos, professores e funcionários é a falta de diálogo do governo em relação à crise da UnB. Nenhum representante do Executivo compareceu à mesa de debates realizada na última semana para tratar da situação. E sequer adotaram qualquer posição sobre a greve iniciada na última terça-feira (24) na área administrativa do campus, pelos servidores e trabalhadores terceirizados.

Greve continua

Durante nova assembleia, na tarde desta quinta (26), ficou decidida a continuidade do movimento por parte de servidores da administração e terceirizados. Mas os estudantes decidiram aguardar mais alguns dias, por conta de provas e entrega de trabalhos, para definir se aderem ao movimento a partir de maio.

Entre os professores, ficou acertado que eles continuam participando das reuniões que têm sido agendadas com a reitoria da universidade. O objetivo é buscar alternativas para conter o déficit financeiro da universidade este ano, da ordem de R$ 93 milhões.

Como sinal de que a paralisação não tem caráter agressivo, os estudantes que desde o dia 10 ocupam o prédio da reitoria, passaram a permitir o acesso de áreas administrativas para os alunos e professores que tinham pendências a resolver nestes locais. Eles, entretanto, confirmaram que a ocupação continua e seguem acampados lá.

O principal motivo dos cortes orçamentários é a emenda constitucional que congelou os gastos públicos por 20 anos. A emenda impediu a reposição de valores que foram destinados à Unb em 2016 e terminaram sendo cortados no orçamento de 2017, deixando a entidade com verba insuficiente para custear todas as suas despesas.

Nos protestos, professores e alunos reclamam do sucateamento da universidade pública brasileira e da proposta do atual governo para a educação universitária, marcada, segundo eles, pela privatização e fechamento de centros de pesquisa e laboratórios.

“A área acadêmica está sendo uma das primeiras a sofrer as consequências desse modelo de país implantado pelo atual Executivo”, reclamou a representante da União Nacional dos Estudantes (UNE) Ana Maria Pires. Até o final da tarde, nem representantes do ministério nem do Palácio do Planalto se manifestaram ou deram respostas  nem sobre a reação dos policiais contra os estudantes próximo ao edifício sede da pasta, nem sobre contatos com a administração da universidade.

 

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