ESPERANDO O RESULTADO

Desde cedo, manifestantes percorrem Esplanada em defesa da democracia

Apesar das divisões para grupos a favor e contrários ao ex-presidente, ambiente de expectativa predomina em Brasília antes da decisão do STF, que julga pedido de habeas corpus preventivo de Lula

Manifestantes em Brasília pedem respeito à Constituição e justiça para Lula

Brasília – Como em todo o país, em Brasília as televisões estão ligadas e as atenções voltadas para o Supremo Tribunal Federal (STF). Manifestantes que estão na capital percorrem, em pequenos grupos, a Esplanada dos Ministérios desde o início do dia. Outros, preferem se aglomerar em trechos próximos a prédios públicos ou se concentrar em frente ao Museu da República. Aparentemente sem atos de violência nas primeiras horas, monopolizam a atenção atos de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com bandeiras vermelhas nas costas, de estudantes com cartazes com a frase “Lula Livre”, sindicalistas que usam camisetas com o rosto do ex-presidente e servidores públicos.

Eles combinaram de se concentrar, a partir do meio dia, em frente ao Museu da República, mas na verdade desde as 8h começaram a percorrer a Esplanada. O fechamento de muitas ruas para o trânsito nas proximidades, de forma a permitir as passeatas feitas no trecho entre o museu e a Praça dos Três Poderes provocou um dos maiores engarrafamentos dos últimos anos em Brasília. Até porque a quarta-feira está sendo um dia de muita chuva na cidade.

“Não tem problema. O dia é de aguardar e acompanhar. O presidente Lula não merece ser condenado desse jeito, sem direito a esperar o fim do processo. Viemos até aqui para dar nosso apoio e aqui vamos ficar”, disse o integrante do MST José Maria Santos, que chegou do Tocantins durante a madrugada, numa caravana ao lado de colegas, da mulher e da filha de 18 anos.

Para a professora universitária Rosângela Medeiros, do Rio Grande do Sul, a presença na Esplanada é uma repetição do que ela fez em 2016, durante a votação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Tenho parentes na cidade e viria de qualquer forma, mas viajei num ônibus organizado por colegas. Vim em 2016 para apoiar a Dilma e protestar contra o impeachment e estou aqui agora para fazer o mesmo pelo Lula”, disse.

 “Não podemos deixar que a Constituição seja descumprida para se fazer uma injustiça e barrar governos que ajudaram a reduzir a desigualdade do país em prol dos desejos de um mercado e uma elite que só pensa em si mesma”, afirmou.

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Manifestante com a bandeira do PT: defesa de Lula e da democracia em dia que será marcado por decisão histórica

Bom senso

A estudante de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), Raphaelle Santos, é outra que desde o início da semana, conforme contou, tem participado de manifestações pela aprovação do habeas corpus para Lula. Ela levou várias faixas produzidas pelas colegas de turma e disse que o grupo pretende usar camisetas na mesma cor e sair em passeata assim que for divulgado o resultado. “Estamos positivos. Tudo pode acontecer neste julgamento, mas esperamos que o bom senso prevaleça entre os ministros do Supremo”, afirmou.

O ambiente de expectativa é o mesmo do outro lado da Esplanada, que foi dividida por uma cerca gradeada. Integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) se organizam de forma mais concentrada no início da Esplanada, mas em menor quantidade, ao lado de carros de som e camisetas. O movimento aparenta certa timidez, depois do resultado da manifestação realizada por seus coordenadores ontem em frente à sede do STF, justamente na hora em que caiu uma chuva torrencial em Brasília – que foi mal sucedida, com poucas pessoas presentes.

Coordenadores das duas manifestações afirmaram que  há previsão de chegar mais gente para a Esplanada nas próximas horas, porque  vários ônibus que partiram de estados das regiões Norte e Centro-Oeste atrasaram e começaram a estacionar no início da tarde, no camping do Distrito Federal. Estavam programados para parar em Brasília entre a noite de ontem e madrugada de hoje.

Apesar de a área estar sendo fiscalizada por policiais militares e policiais federais que se preparam para atuar em manifestações de aproximadamente 20 mil pessoas, somente uma pessoa foi fiscalizada e abordada até agora. Trata-se de um militar que foi denunciado pelo assessor parlamentar do senador Marcelo Zero (PT-DF) por estar em frente a um prédio na Asa Sul portando armamentos e proferindo insultos contra petistas.

Assim que a notícia começou a ser propalada, a polícia divulgou que seguiu para o endereço citado para abordar a pessoa, mas ainda não deu notícias sobre o que aconteceu. Pelo menos por enquanto, nem prevalecem passeatas com cenas de provocações,nem xingamentos. Só um clima de extrema expectativa, em meio à chuva fina que insiste em cair.