REPERCUSSÃO

‘Moro não tem limites’, diz Pimenta. ‘Não nos calaremos’, afirma Jandira

Parlamentares criticam prisão imediata de Lula e avaliam que caráter político do ato reedita tempos da ditadura. Maia pede aos colegas que 'respeitem a ordem institucional'

PT

‘Perseguição odiosa típica de ditadura’

Brasília – Na capital do país, nos seus estados ou em São Paulo, para onde estão se deslocando desde que receberam a notícia, parlamentares de diversos partidos reclamam da decretação da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Alguns chamaram o ato de “arbitrário e ilegítimo”. O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), divulgou um vídeo, de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, no qual ressalta que a decretação da prisão é um ato “de extrema gravidade”. “Até porque não estão esgotados todos os recursos pela defesa de Lula. É uma perseguição institucional contra a maior liderança popular do país”, afirmou.

Segundo Pimenta, “o juiz Sérgio Moro demonstra não ter limites na sua irresponsabilidade e afronta o Estado Democrático de Direito numa busca sem fim por holofotes e contra Lula”. “É uma perseguição odiosa e nos insurgimos contra a decisão”, acrescentou.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que considera o ato “de extrema violência”. “O momento exige de nós coragem. O arbítrio chegou ao limite e a prisão de Lula sem provas foi decretada. Não nos calamos durante os duros anos da ditadura e não nos farão esmorecer agora. Permaneceremos ao lado dos que lutam pela democracia. A força de Lula será a nossa força”, afirmou, numa rede social.

A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), que tinha deixado o Instituto Lula poucos minutos antes da decretação da prisão, afirmou que o gesto de Moro é “de uma violência sem precedentes na nossa história democrática”. “Uma prisão política, que reedita os tempos da ditadura.”

O decano dos deputados na Câmara, Miro Teixeira (Rede-RJ), destacou que o momento é indesejável, porque Lula não é exclusivamente um ex-presidente. “Ele é um símbolo da luta contra a ditadura pela anistia, pela democracia de um modo geral”.

Chico Alencar (Psol-RJ) ironizou a celeridade com que a prisão foi decretada. “É impressionante. Passa a impressão que esses magistrados têm medo de alguma reação popular, que existe uma insegurança por parte desse poder tão imperial”. Alencar afirmou que “todos os fatos contribuem para que se reaja”.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, por meio de nota oficial, que as pessoas devem respeitar a ordem institucional em toda e qualquer manifestação em relação ao mandado de prisão do ex-presidente. Falando a todos, mas deixando um claro recado aos deputados, Maia destacou que “os que têm responsabilidade pública não podem celebrar a ordem de prisão de um ex-presidente da República”.

O presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), ainda não se manifestou sobre o assunto.