Lula pelo Brasil

‘Não estou acima da lei. Só quero justiça’, diz Lula, em dia de vitória parcial no STF

Caravana Lula pelo Brasil encerra nesta sexta passagem pelo Rio Grande do Sul. “Eleger Lula é eleger um novo modelo de agricultura”, diz líder do MST

Ricardo Stuckert

Lula encerra quarto dia da caravana com praça cheia em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (22) que não é “melhor do que ninguém” perante a lei e quer, exatamente, o cumprimento da lei. Lula não citou o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), em que obteve uma decisão provisória que impede eventual prisão antes que seu pedido de habeas corpus preventivo seja julgado – o que está previsto para o dia 4. Mas voltou a pedir bom senso aos sistema de Justiça do qual é vítima de perseguição com objetivo de tirá-lo da disputa eleitoral em 2018.

“Eu não sou melhor do que ninguém. Não estou acima da lei. O que eu quero é só justiça. Se eu tiver uma mínima culpa, eu direi ao PT: ‘eu não mereço ser candidato’. Agora, já estão há quatro anos futucando a minha vida e não acharam nada”, disse. durante comício em Palmeiras da Missões, onde conclui o quarto dia da Caravana Lula pelo Brasil em sua passagem pelo Rio Grande do Sul.

Antes, partiu de São Miguel das Missões, onde visitou sítio arqueológico e foi recebido por comunidades indígenas. Em seguida passou pelas cidades de Cruz Alta, onde nasceu Érico Veríssimo e também é conhecida como Terra Guarani e grande polo de produção de agricultores familiares. Esteve ainda em Panambi. Ao chegar à sua última escala saudou o povo na praça: os “palmeirenses das missões, que não têm raiva de corintiano”.

Ricardo StuckertCruz Alta
Caravana é recebida dessa jeito em Cruz Alta, terra Guarani e cidade natal de Érico Veríssimo

O ex-presidente assinalou a incapacidade de governar de Michel Temer, associando-o a um homem que, em vez de trabalhar para sustentar a casa, propõe à esposa vender os bens da família para ir pagando as contas. “‘Amoreco, vamos vender isso, vamos vender aquilo’, e a mulher, ‘sim, amore'”, satirizou. “E de repente venderam tudo e ficaram sem nada”, finalizou, reafirmando porque exige o direito de disputar a eleição. “Tenho certeza de que posso consertar de novo esse país. Se preparem, porque eu tenho uma energia que eles não imaginam. Estou muito mais motivado agora.”

Os investimentos dos governos Lula e Dilma na educação e na agricultura familiar deram o tom das intervenções de diversos representantes populares. Camponeses que celebraram acesso à terra e à estrutura para plantar e estudantes, que se formaram em Engenharia Ambiental e ajudam a melhorar o desempenho dos empreendimentos locais, foram convidados a falar no palco montado na Praça Alfredo Westphalen.

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, criticou a hostilidade de grandes fazendeiros da região, que tentam tumultuar a passagem da caravana. Stédile lamenta que esses produtores desempenhem esse papel mesmo sabendo que o atual governo acabou com os incentivos à produção agrícola e denuncia o caráter destruidor das monoculturas de soja, acusando os ruralistas de Temer.

“Todo mundo sabe que o monocultivo de soja destrói a biodiversidade, a água, e exporta tudo o que produz para China e para a Europa. Só quem se beneficia são as multinacionais que vendem veneno, e eles que, ao exportar a soja, não pagam um centavo de ICM na exportação”, afirmou Stédile.

“Estamos com raiva e botamos a culpa de tudo no governo do Ivo Sartori, mas a verdade é que o Rio Grande do Sul está falido por causa do monocultivo da soja, que explora nossas riquezas e não paga nada de ICM. Se não mudarmos essa lei que isenta a exportação, o Miguel Rossetto não vai ter dinheiro para pagar o salário dos professores.” O líder do MST se refere ao ex-ministro e pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul.

TutaméiaLula e Stédile
Em Palmeiras das Missões, líder do MST explica por que os ruralistas hostilizam Lula

“Temos de arregaçar as mangas a partir de 15 de agosto (data limite de registro de candidaturas) e não vamos fazer outra coisa que não seja trabalhar dia e noite para eleger o Lula”, disse Stédile. “Eleger o Lula é eleger outro modelo, pra salvar a agricultura, produzir alimentos e salvar nossos recursos naturais, sem agrotóxico, que só produz câncer. Esse alimento só pode ser cultivado com base na agroecologia.”

A caravana prossegue nesta sexta-feira (23) com visitas a unidades do programa Minha Casa Minha Vida Rural em Ronda Alta. Às 13h, passará pelo campus de Passo Fundo da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), fundada em 2009. E encerra a etapa gaúcha, com comício à noite, em São Leopoldo. Neste sábado, a comitiva inicia viagem por Santa Catarina, com reunião com reitores universitários em Florianópolis pela manhã, seguido de ato público pela educação previsto para meio-dia.

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