Cartão Vermelho

Rui Costa: quando a TV chega antes da polícia, operação tem fim midiático

'É incompreensível em qualquer nação desenvolvida a imprensa chegar antes em um local do que quem vai executar a operação', disse o governador da Bahia sobre ação da Polícia Federal

Carol Garcia/GOVBA

“Nosso país, infelizmente, dia após dia, só reafirma essa tendência de parcialidade de quem deveria ser imparcial”

São Paulo – Durante lançamento de dois editais do Programa Bahia Produtiva 2018, realizado nesta segunda-feira (26), em Salvador, o governador Rui Costa falou a respeito da Operação Cartão Vermelho, deflagrada pela Polícia Federal. Para ele, a ação teve uma conotação midiática e política.

“Quando uma televisão ou a imprensa chega antes nos locais onde vai ter uma operação policial fica claro que a operação não tem um fim de investigação, mas um fim jornalístico, midiático, político-partidário”, afirmou. “É incompreensível em qualquer nação desenvolvida a imprensa chegar antes em um local do que quem vai executar a operação. Até me estranha uma das tevês ter tido acesso privilegiado em relação ao resto da imprensa e ter chegado uma hora antes dos locais em que a polícia chegou.”

Costa se referiu à a Rede Bahia, presidida por ACM Júnior, pai do prefeito de Salvador ACM Neto (DEM). A equipe da emissora da família Magalhães estava desde as 5 horas da manhã em frente à casa do ex-governador e atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner, aguardando o cumprimento do mandado de busca e apreensão por parte da Polícia Federal.

“Nitidamente essa tevê teve informação, não sei quantos dias antes, o que mostra que é uma operação casada com a visão midiática, com a propaganda negativa em ano eleitoral, e nosso país, infelizmente, dia após dia, só reafirma essa tendência de parcialidade de quem deveria ser imparcial no processo de investigação”, apontou Rui Costa.

A Operação Cartão Vermelho apura irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão da Arena Fonte Nova, na capital baiana. De acordo com laudo da PF, a obra teria sido superfaturada em valores que, corrigidos, poderiam chegar a mais de R$ 450 milhões. O governador reafirmou confiar em seu antecessor. “Tenho absoluta confiança em tudo o que foi feito, conheço há 35 anos o ex-governador Jaques Wagner, sua lisura, sua correção e o processo de investigação provará essa lisura”, disse. “E os dados e números que tenho são que o estádio da Fonte Nova foi o mais barato, seja por metro quadrado, seja por assento, entre todos que foram construídos no Brasil. Isso por si só merece destaque.”

“Ninguém está acima da lei, todos os brasileiros merecem ser tratados dentro da lei, por isso acho que essas medidas de exceção, midiáticas, têm que ter um limite pela própria Justiça”, pontuou Costa. “Se o material tem que ser recolhido para dar seguimento à investigação, isso não precisa ser feito de forma midiática. Por que precisa, para pegar um material, ser às 6 horas da manhã? Por que a TV precisa chegar uma hora antes de quem vai fazer a execução? Isso é para combinar com os horários dos noticiários de televisão e não com a finalidade de apurar.”