Arquivamento?

Barroso intima diretor-geral da PF a explicar declarações sobre inquérito contra Temer

Para relator da investigação sobre Temer no STF, é 'infração' Segovia dizer à Reuters que os “indícios são muito frágeis” e por isso sugerir que o inquérito 'pode até concluir que não houve crime”.

José Cruz/ABR

Para Barroso, entrevista de Segovia é manifestamente imprópria e pode caracterizar infração administrativa e até penal

São Paulo – O relator da investigação sobre irregularidades cometidas por Michel Temer (MDB), o ministro do Supremo Tribunal (STF) Luís Roberto Barroso, intimou hoje (10) o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia. Barroso quer explicações sobre as declarações do chefe da PF. 

Em entrevista concedida ontem (9) à Reuters, Segovia afirm afirmou que a tendência é a recomendação do arquivamento da investigação que apura suspeitas de Temer renovar concessões no Porto de Santos para beneficiar a empresa Rodrimar. Isso por que os “indícios são muito frágeis” e sugerem até que o inquérito “pode até concluir que não houve crime”.

De acordo com Barroso, como a investigação não foi concluída e ainda há “diversas diligências pendentes”, o assunto não deveria ser “objeto de comentários públicos”

Temer é investigado por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro por supostas vantagens indevidas recebidas de uma empresa para editar o chamado Decreto dos Portos. Além dele, são investigados o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, que foi assessor especial de Temer, e mais dois empresários.

Na entrevista, o diretor-geral da PF diz que o decreto editado “em tese não ajudou a empresa”. “Em tese, se houve corrupção ou ato de corrupção, não se tem notícia do benefício. O benefício não existiu”, afirmou o diretor, conforme reprodução da Agência Reuters.

À TV Globo, Segovia disse, por telefone, que vai comparecer ao gabinete do ministro Barroso, levando a transcrição da entrevista à Reuters, e vai dizer que suas declarações foram mal interpretadas pela imprensa.

E afirmou não ter intenção de interferir na investigação ou no trabalho do delegado. 

Para Barroso, no entanto, a conduta de Segovia na entrevista “é manifestamente imprópria e pode, em tese, caracterizar infração administrativa e até mesmo penal”.

No despacho, Luís Roberto Barroso lembra que não recebeu o relatório final do delegado encarregado pelas investigações e pede que o Ministério Público tome as providências que entender cabíveis sobre o caso. O relator do processo questiona ainda a fala em que Segóvia teria ameaçado o delegado responsável, que “deve ter autonomia para desenvolver o seu trabalho com isenção e livre de pressões”.

“Tendo em vista que tal conduta, se confirmada, é manifestamente imprópria e pode, em tese, caracterizar infração administrativa e até mesmo penal, determino a intimação do senhor diretor da Polícia Federal, delegado Fernando Segóvia, para que confirme as declarações que foram publicadas, preste os esclarecimentos que lhe pareçam próprios e se abstenha de novas manifestações a respeito”, determinou Luís Roberto Barroso

O ministro entendeu que na entrevista o diretor da PF ameaçou o delegado responsável pelo caso, “que deve ter autonomia para desenvolver o seu trabalho com isenção e livre de pressões”.

Considerou também que a investigação ainda tem diversas diligências pendentes, “razão pela qual não devem ser objeto de comentários públicos” e que, no inquérito, ainda não há relatório final do delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pela apuração, nem parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que conduz a investigação.

Na intimação, Barroso determinou que, além de prestar esclarecimentos, Segovia deverá se abster de novas manifestações sobre o caso.

Com informações do Agência Brasil

 

 

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