‘A única certeza é que só no dia que eu morrer vou parar de lutar’, diz Lula
Ex-presidente acompanha julgamento do TRF4 no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Para ele, os ataques que recebe não são tão graves quanto os ataques do golpe aos trabalhadores
Publicado 24/01/2018 - 12h21
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu por instantes o acompanhamento do seu julgamento para um breve pronunciamento a militantes e apoiadores que se concentram no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, nesta quarta-feira (24). “Estou tranquilo e consciente do que acontece no Brasil. Tenho certeza que não cometi nenhum crime e espero que a decisão seja 3×0 (pela absolvição), que eles digam que o juiz errou. Se vai acontecer ou não, não sei, mas a única coisa certa e justa seria isso. Se não acontecer, temos muito tempo para mostrar os erros e os equívocos desse processo”, disse o ex-presidente, no auditório da entidade que presidiu entre 1975 e 1981.
Apesar da tensão do momento, Lula lembrou do golpe iniciado em 2015 e afirmou que seu “problema” é pouco se comparado à situação de milhões de brasileiros afetados pelas medidas do governo Temer. “Tenho muita noção dos problemas que estamos vivendo, e o que está acontecendo comigo é muito pouco diante do que acontece com milhões de desempregados, com os milhões que vão ser sacrificados por essa reforma da Previdência que querem aprovar, e os milhões que vão ser atingidos pela reforma trabalhista que fizeram.”
Agradecendo o apoio dos trabalhadores e dos movimentos sociais mobilizados em todo o Brasil, além da solidariedade internacional recebida de representantes de vários segmentos, Lula voltou a dizer que seus julgadores não devem ter a consciência tranquila como a dele e afirmou que sua luta continuará. “Vamos aguardar. A única certeza é que só o dia em que eu morrer, vou parar de lutar.”
O ex-presidente é aguardado na manifestação que será realizada na Praça da República, no centro de São Paulo, a partir das 17h, convocada pela CUT, as principais centrais sindicais do país, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.