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Estudantes e movimentos ocupam Câmara contra privatizações de Doria

Manifestantes pedem o fim da tramitação de três projetos de lei e mais participação popular para discutir o futuro da cidade de São Paulo. GCM entra no plenário e joga bomba de gás

REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Outra reivindicação feita, mas pelos estudantes, é a revogação da restrição ao passe livre estudantil

São Paulo – A Câmara Municipal de São Paulo foi ocupada por movimentos sociais e estudantis, nesta quarta-feira (9), contra o pacote de privatizações do prefeito João Doria (PSDB). Os manifestantes reivindicam três pautas: a suspensão da tramitação dos projetos de lei (PL) 364 (venda do Estádio do Pacaembu), PL 367 (pacotão geral de privatizações) e PL 404 (venda de imóveis iguais ou inferior a 10 mil metros quadrados); um plebiscito para o povo decidir sobre as vendas; e mais 32 audiências públicas nas subprefeituras.

Nós viemos aqui para lutar contra o pacote de privatizações do Doria. Sabemos que esse pacote busca vender todos os bens públicos, que são de direito do povo, para repassar às mãos do mercado”, afirmou o presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Emerson Santos.

Entre as entidades que ocupam a Câmara, além da Upes, estão a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), o Levante Popular e a Frente Povo Sem Medo. 

Outra reivindicação feita, mas pelos estudantes, é a revogação da restrição ao passe livre estudantil. “A medida impactou na vida dos alunos de São Paulo. A ideia é garantir que eles tenham acesso ao passe livre integral”, diz a vereadora Sâmia Bomfim (Psol).

“É importante que esse movimento aconteça. Todos os nossos direitos nessa cidade podem ir para mafiosos que controlam a cidade, que só querem lucrar com São Paulo, enquanto direitos são retirados. Saúde está um caco, educação está um caco, assistência social também. A saída não é vender a cidade para os amigos do Doria”, conclui a vereadora.

Apoio

Em nota, a Frente Brasil Popular manifestou apoio a ocupação, definido-a como “legítima” e defendendo sua continuação.

“O passe-livre é uma forma de combater a evasão escolar e democratizar o acesso ao ensino e já foi duramente atacado pelo prefeito João Dória com corte na cota estabelecida pela gestão anterior. A ocupação é um mecanismo legítimo de luta e, por isso, qualquer agressão e violência contra os estudantes é responsabilidade do poder público”, afirma a nota, destacando contrariedade com a criminalização dos movimentos sociais.

Negociação

Depois de ter se negado a dialogar com os manifestantes e impedido que eles usassem os banheiros e recebessem alimentação, o presidente da Câmara, vereador Milton Leite (DEM), se retirou do plenário e, logo em seguida, membros da Guarda Civil Metropolitana (GCM) entraram no plenário e jogaram uma bomba de gás lacrimogênio no local.

A situação ficou tensa. Na sequência, para tentar acalmar os ânimos, o vereador Eduardo Suplicy conseguiu convencer o  presidente da Câmara a receber uma comissão integrada pelos vereadores Antonio Donato (PT), Juliana Cardoso (PT), Sâmia Bomfim (Psol), Arselino Tatto (PT), Toninho Paiva (PR) e mais quatro estudantes.

Cerca de uma hora depois, Suplicy voltou ao plenário ocupado para informar o resultado da reunião. Disse aos manifestantes que o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), descartou a reivindicação de 32 audiências públicas para debater os projetos de privatização, mas concordou em realizar uma grande audiência, num sábado, para discutir os projetos – além das audiências que já estão marcadas.

Segundo Suplicy, Milton Leite também concordou em discutir com os líderes dos partidos e colocar na pauta de votação, o projeto de lei que exige a realização de um plebiscito para a população autorizar as privatizações e concessões propostas por Doria. “É mais do que de bom senso colocar em pauta esse projeto do plebiscito”, ponderou Eduardo Suplicy. 

Os manifestantes se reuniram no início da noite para reafirmar as reivindicações e decidiram por manter a ocupação. “Estamos com fome, estamos com sede, sofremos pressão psicológica a todo momento. Apesar disso, continuaremos resistindo. Pedimos a todos e todas que venham se somar na vigília em frente à Câmara. A cidade é nossa e não está à venda”, disseram em jogral. 

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