Mar de Lama

Dilma: ‘Os mesmos que salvaram o presidente golpista elegeram Cunha’

Ex-presidente afirma em sua rede social que os deputados que enterraram o pedido de investigação de Temer por corrupção passiva são os que, no ano passado, deram início ao “impeachment fraudulento”

RENATO ARAÚJO/ABR

Cunha foi preso em outubro de 2016, pouco mais de um mês depois do afastamento definitivo de Dilma pelo Senado

São Paulo – A ex-presidenta Dilma Rousseff, deposta pelo impeachment articulado pelo PMDB de Eduardo Cunha e Michel Temer e pelo PSDB de Aécio Neves, voltou a associar, em sua rede social, a maioria parlamentar do atual governo ao comando de Eduardo Cunha. O ex-presidente da Câmara, responsável pelo acolhimento do pedido de impedimento em dezembro de 2015, está preso em Curitiba desde outubro de 2016 – pouco mais de um mês depois da aprovação do afastamento definitivo de Dilma Rousseff pelo Senado.

Cunha era um dos principais articuladores da base aliada no Congresso, com forte influência do PMDB, em partidos menores conhecidos como “baixo clero” e tido como um verdadeiro polo de arrecadação de recursos empresariais para campanhas políticas.

“Os deputados que, ontem, salvaram o presidente golpista de ser julgado no STF por crime de corrupção são os mesmos que, no ano passado, deram início ao impeachment fraudulento. São os mesmos que elegeram Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. E são os mesmos que, agora, salvam Temer”, escreve Dilma, que cita também o senador Renan Calheiros (PMDB_AL), que se tornou desafeto do grupo de Temer. “Ele tem razão dizer que Eduardo Cunha governa desde a prisão de Curitiba.”

A ex-presidenta reafirma permanecer no ativismo político: “Resta-nos continuar lutando contra a pauta regressiva dos golpistas que serão julgados pela história e condenados pelo voto popular”.

Em recente entrevista ao site Nocaute, do jornalista e escritor Fernando Morais, Dilma havia atribuído a atual crise moral e política do país a um sistema político, partidário e eleitoral que considera inviável. “Toda essa forma de relação institucional se dá porque há 20 partidos, 30 partidos. Tem 30 projetos pro Brasil? Não tem. Então, o que é que faz cada um desses partidos? Como é que eles chegam ao poder? E se eles não querem chegar ao poder, eles querem o quê?”, provoca.

Há quatro anos, após as manifestações que explodiram a partir das chamadas jornadas de junho de 2013, Dilma lançou como desafio nacional a convocação de uma Constituinte exclusiva com a finalidade de elaborar uma ampla reforma do sistema político. Na mesma ocasião, falava também da necessidade de reconstrução de um novo “pacto federativo”, que redefinisse os papeis da União, dos estados, municípios e dos demais poderes.

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