REAÇÃO CONTRA SENTENÇA

Gleisi: ‘Moro deveria dar valor ao seu diploma e Dallagnol não se dá ao respeito’

Em discurso duro no plenário do Senado, presidenta do PT afirma que partido vai se mobilizar nas ruas. Lindbergh diz que denunciará a condenação do ex-presidente Lula internacionalmente

Geraldo Magela/Agência Senado

“Não há nenhuma prova material contra o presidente Lula”, diz Gleisi Hoffmann, presidenta do PT

Brasília – O Congresso Nacional tem um dia intenso de debates e de grande manifestação dos parlamentares sobre a decisão do juiz federal Sérgio Moro, divulgada no início da tarde de hoje (12), que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e meio de prisão. As manifestações estão sendo feitas tanto em entrevistas como por meio de discursos nos plenários e nas comissões técnicas. Há pouco, depois da entrevista do líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), a presidenta nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou ser evidente que se trata de “decisão política, baseada em convicção, com o único objetivo de inviabilizar a candidatura de Lula em 2018”.

“Não há nenhuma prova material contra o presidente Lula. Não há fatos nem diligências, não há absolutamente nada. O que estão fazendo é um cerceamento da liberdade política e civil do presidente Lula para impedi-lo de se candidatar em 2018”, destacou. A parlamentar ainda fez duras críticas a Moro e ao procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato.

Sobre Dallagnol, Gleisi afirmou, durante discurso no plenário do Senado, que o procurador “não se dá ao respeito” e fica “dizendo o que quer na imprensa e fazendo palestras”. Sobre Sérgio Moro, destacou que esperava do magistrado que “desse valor a sua trajetória, seu diploma e ao que aprendeu na faculdade”.

“Por mais que nós esperássemos este resultado, no fundo eu ainda achava que a Justiça desse país se pautasse pelo devido processo legal, mas não foi o que aconteceu”, acrescentou a dirigente petista. Outro político a se manifestar, o deputado Doutor Rosinha, presidente do PT no Paraná, disse que a decisão de Moro “não foi justiça, mas justiçamento”. “A condenação se configura como um ato de perseguição política, sem provas, sem lastro na verdade e no interesse público.”

“A Lava Jato veio para isso: contribuir para o Estado de exceção em que nos encontramos, para o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, legítima e democraticamente eleita, para a retirada de direitos da população e para perseguir o companheiro Lula, que por seu governo, trajetória, lutas e conquistas, representa a esperança do povo brasileiro”, enfatizou Rosinha.

Chamado à militância

Tanto Gleisi como Doutor Rosinha disseram que os diretórios e a militância do PT, assim como os movimentos sociais e as forças de esquerda devem se manifestar.

Na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), primeira a falar sobre a condenação de Lula na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) – que discute a denúncia contra Michel Temer – bateu boca com deputados da base do governo por afirmar que a decisão consiste “numa injustiça contra o maior líder que esse país já teve”.

O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), chamou a sentença “um escândalo” e conclamou a militância. “Vamos reagir, fazer uma denúncia internacional contra essa sentença e organizar mobilizações em todo o país. Não vamos deixar o Brasil ser ridicularizado.”

Entre os integrantes da base aliada, enquanto inicialmente a notícia suscitou certa comemoração, pouco depois os parlamentares passaram a adotar um discurso de prudência, sobretudo na CCJ.

Preocupados com o rumo da tramitação da denúncia contra Temer, muitos se manifestaram limitando-se a afirmar que “a Justiça é feita para todos e a decisão provou isso”, como o senador Álvaro Dias (Podemos-PR). Na mesma linha, também se posicionou o líder do DEM, Efraim Neto (PB), para quem a decisão foi “um gesto correto do juiz Séergio Moro”.

 

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