NA CÂMARA

Oposição exige pressa para apreciar denúncia da PGR contra Temer e anuncia obstrução

Dentre as estratégias acertadas durante reunião de líderes oposicionistas estão o fim do recesso de julho, a paralisação das votações em plenário, mobilização por diretas e realização de atos pelo país

Lula Marques/Agência PT

Líderes da oposição pretendem obstruir os trabalhos da Casa para analisar com celeridade denúncia contra Temer

Brasília – Líderes oposicionistas da Câmara dos Deputados divulgaram nesta terça-feira (27) algumas das estratégias a serem adotadas em relação à tramitação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Michel Temer, pelo crime de corrupção passiva. Os parlamentares afirmaram que pretendem obstruir os trabalhos da Casa para fazer com que o pedido de abertura de processo seja analisado com celeridade, prometendo ainda trabalhar pela realização de eleições diretas para a sucessão do presidente e intensificar os atos públicos e manifestações junto à população em todo o país.

“O momento é gravíssimo. Nossa meta é, daqui por diante, fazer com que nada de votação de medida provisória ou qualquer outra matéria seja votada”, disse o líder das minorias, José Guimarães (PT-CE). Ele defendeu o fim do recesso parlamentar de julho para que os parlamentares se debrucem sobre a avaliação do pedido da PGR. “Precisamos mostrar à população o que está acontecendo e também alertar a todos para dizerem aos deputados em quem votaram que não querem Temer comandando os destinos do país”, afirmou a líder do PCdoB, Alice Portugal (BA).

“Além da situação ser extremamente grave, o pior de tudo é o presidente da República insistir em dizer que ficará no cargo por cima de pau e pedra, quando por muito menos tiraram a presidenta Dilma Rousseff. Queremos debater e discutir esse pedido da procuradoria da República. Vamos avaliar o pedido nem para mais, nem para menos, mas seguir as regras regimentais e discutir saídas para a crise instalada no país”, afirmou Guimarães.

Esclarecimentos sobre ‘ilações’

Os deputados da oposição ainda fizeram cobranças em relação às críticas feitas por Michel Temer nesta terça-feira a Janot, e disseram que o presidente terá de se explicar sobre ilações que fez em relação à PGR como um todo. Temer, avisando que não era uma denúncia e sim uma observação, disse que achava estranha a condição do ex-vice-procurador da República Marcelo Miller, que hoje trabalha no escritório de advocacia que negociou o acordo de leniência da holding controladora da JBS.

Miller pediu exoneração do cargo em março após ter feito parte do grupo de trabalho da Operação Lava Jato. Ele é investigado a respeito de sua conduta por parte da Procuradoria da República do Distrito Federal, que reúne informações para decidir se será aberto um inquérito ou não sobre o caso.

Para os deputados, a crítica foi uma forma de atingir Janot, sem provas, por parte do presidente. “Queremos os devidos esclarecimentos sobre isso. Ao mencionar Marcelo Miller, Michel Temer deu a entender que sabe de mais coisas do que divulgou. O que ele sabe de comprometedor contra o procurador e a PGR? Se souber de algo, vai ter que nos esclarecer”, ressaltou o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (PT-SP).

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), outra a criticar o pronunciamento do presidente, afirmou que o que viu no discurso de hoje foram “palavras ditas em linguagem de máfia”, sem qualquer explicação tida como plausível em relação ao pedido de abertura do processo contra ele.

Os parlamentares oposicionistas já começaram a se movimentar. Em função dos últimos acontecimentos, a reunião de líderes, que é realizada todas as terças-feiras para definir a pauta de votações da semana, acabou sendo cancelada.

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