Autoritarismo

Psol e Rede protocolam projetos que suspendem decreto de Temer sobre Forças Armadas

'Este Congresso Nacional não pode tolerar uma medida autoritária como essa, que visa ao cerceamento do sagrado direito de manifestação', diz justificativa da proposta na Câmara

Valter Campanato/Agência Brasil

“Não cabe às Forças Armadas, de acordo com a Constituição de 1988, a função de reprimir manifestações populares”, diz a justificativa do projeto

São Paulo – O Psol protocolou na noite desta quarta-feira (24) o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 676 para suspender o decreto editado pelo presidente Michel Temer que autoriza o uso das Forças Armadas para “garantia da lei e ordem” no Distrito Federal até o próximo dia 31. A Rede também contestou a medida.

“Trata-se de recorrer ao Exército para reprimir as legítimas manifestações que ocorrem na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, exigindo o fim do governo ilegítimo de Michel Temer, a realização de eleições diretas e a retirada das reformas trabalhista e previdenciária que tramitam no Congresso Nacional, para retirar direitos do povo trabalhador brasileiro”, diz a justificativa da proposta.

Para os parlamentares que assinam o projeto, a medida tomada por Temer fere a democracia. “Não cabe às Forças Armadas, de acordo com a Constituição de 1988, a função de reprimir manifestações populares. Este Congresso Nacional não pode tolerar uma medida autoritária como essa, que visa ao cerceamento do sagrado direito de manifestação. O governo Michel Temer aprofunda o arbítrio e fere gravemente a democracia brasileira.”

Em nota, o PT afirmou que “o governo golpista e ilegítimo de Michel Temer descortinou hoje sua face mais autoritária e antidemocrática”, sustentando que a medida “nos remete a retrocessos típicos dos anos de chumbo da ditadura militar”. O texto reafirma a defesa de eleições diretas. “O dia de hoje sacramentou o fim do governo ilegítimo do golpista Michel Temer. Não há mais condições moral e política para que esse usurpador permaneça no Poder em Brasília. Os brasileiros têm o direito de escolher um novo presidente nas urnas.”

O decreto de Temer também recebeu críticas no meio jurídico. O professor de Direito Constitucional da Fundação Getúlio Vargas Rubens Glezer questionou a atitude ao Justificando. “A atuação das Forças Armadas é disciplinada no na lei em hipóteses que o policiamento ostensivo não é suficiente, o que claramente não é o caso. Além disso, houve evidente abuso na decretação do período que compreende 24 de maio a 31 de maio, um período injustificável que coincide com a agenda do governo. Flerte perigosíssimo com o estado policialesco sem limites.”

Autoritária

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também protocolou, no início da noite de ontem, um projeto de decreto legislativo para sustar o decreto do presidente Michel Temer que autorizou o emprego das Forças Armadas na capital do país. 

De acordo com Rodrigues, a medida adotada pelo governo é autoritária e consiste na decretação de um estado de defesa, com o pretexto de manutenção da lei e da ordem. “Para a decretação desse estado, seria preciso o Executivo ouvir os Conselhos de Defesa Nacional e da República e submeter o decreto à apreciação do Congresso”, o que não aconteceu, reclamou.

O senador também destacou que não existe calamidade de grandes proporções ou instabilidade institucional que justifique o estado de defesa.

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