Força tarefa

Defesa diz que Lava Jato restringe acesso a documentos e ofende memória de Marisa

Advogados de Lula rebatem alegação de procuradores sobre suposta tentativa de atribuir culpa a ex-primeira-dama, e reclama do desequilíbrio no acesso a documentos da Petrobras

reprodução/ABr

Dona Marisa “jamais cometeu qualquer ilegalidade ao longo da vida e sempre mereceu o respeito de todos”

São Paulo – Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que integrantes da Operação Lava Jato atentam contra a memória da ex-primeira-dama Marisa Letícia, ao afirmar que Lula teria tentando transferir responsabilidades à mulher, morta em fevereiro, durante depoimento ao juiz Sérgio Moro na última quarta-feira (10). 

Em nota divulgada nesta quinta (11), a defesa do ex-presidente diz que dona Marisa “jamais cometeu qualquer ilegalidade ao longo da vida e sempre mereceu o respeito de todos”, e que não poderiam justificar nem denúncia nem ação penal contra ela. E que desde antes de sua morte todos os argumentos da defesa sobre o papel de Marisa no caso já era apresentado aos acusadores. A defesa afirma, ainda, que causa “espanto” que até agora a ex-primeira-dama não tenha sido inocentada sumariamente, como determina a lei em casos de falecimentos.

Causa assim estranheza que o depoimento do ex-presidente ao Juízo de Curitiba, no que tange a sua esposa, tenha recebido os comentários da Força Tarefa que a imprensa explorou hoje. O testemunho de Lula, ontem, não diverge do que ele e nós, seus advogados, já vínhamos afirmando há mais de um ano.” 

Em outra nota, os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins reclamam que ainda não tiveram acesso a todos os documentos da Petrobras relacionados ao processo, mas apenas àqueles que foram selecionados pelos advogados de defesa da estatal que, nesse caso, atuam assistentes da acusação. A defesa de Lula questiona a disparidade em relação às demais partes envolvidas, que tiveram acesso a toda documentação. 

O que a defesa questionou ontem – e foi registrado pela advogada Valeska Martins à imprensa, em Curitiba – é que, enquanto o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a assistente de acusação têm acesso a todo e qualquer material da empresa para usar na ação, isso é negado à defesa de Lula. Não se trata de conhecer apenas materiais selecionados – como a ata a que se referiu a Força Tarefa – o que fere a garantia da paridade de armas”, alegam os advogados de Lula. 

Ainda na terça-feira (9), um dia antes do depoimento do ex-presidente à Justiça Federal, a defesa entrou com reclamação disciplinar contra o juiz Moro, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em que pedem “eventual imposição de sanções disciplinares” pela proibição de gravação do depoimento por parte da defesa.