crise política

‘Fatos tornam insustentável a continuidade do governo golpista’, afirma CUT

Centrais sindicais divulgam notas em que afirmam a inviabilidade do governo Temer e exigem a retirada das reformas trabalhista e da Previdência da pauta do Congresso

roberto parizotti / cut

Mobilização desta quarta-feira (17) na Avenida Paulista: em defesa da democracia e contra o golpe

São Paulo – As centrais sindicais divulgaram três notas hoje (18) sobre a crise que se instalou no país com as denúncias de que presidente Michel Temer deu aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Uma das notas é assinada exclusivamente pela CUT. Segundo o texto, as denúncias são de extrema gravidade. A nota também destaca as denúncias que atingem o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB.

“Além da clara intenção de obstruir o trabalho da Justiça, os fatos tornam público, de forma irrefutável, a natureza criminosa da quadrilha que assaltou o poder ao promover o golpe contra a presidenta Dilma. Ao mesmo tempo, os fatos tornam insustentável a continuidade do governo golpista”, afirma a nota da CUT.

A outra nota, assinada por cinco centrais sindicais (CSB, CTB, Força Sindical, Nova Central e UGT) destaca que a “falta legitimidade política e social ao governo para em um momento de grave crise institucional, política, econômica e social, como a que estamos vivenciando, querer jogar sobre as costas dos trabalhadores e da parcela mais humilde da sociedade o custo do ajuste econômico, representados pelas propostas de reforma trabalhista e previdenciária que tramitam no Congresso Nacional, as quais exigimos que sejam imediatamente retiradas da pauta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal”.

A nota divulgada hoje defende um “amplo e democrático acordo nacional, visando à defesa da nossa democracia e a construção de um projeto de desenvolvimento nacional”.

As centrais exigem “o estrito cumprimento do rito constitucional e a revalorização do estado de direito”. E afirmam que vão combater qualquer tentativa de “promover medidas que afrontem nossa Constituição”.

Posteriormente, a UGT divulgou nota pedindo a convocação de eleições diretas. “Só uma nova ordem política é capaz de resgatar a confiança do povo brasileiro diante do mar de lama que tomou conta da classe política brasileira”, afirma central. “É fato que o atual modelo político favorece a realização de ações ilícitas, desvio de recursos públicos e favorecimento de uma pequena elite política e empresarial, que nos últimos anos vem sendo desvendado por meio da Operação Lava Jato.”

 

Leia as íntegras das notas:

Nota da CUT

Fora Temer, retirada das reformas e diretas já!

A Direção da CUT considera de extrema gravidade as denúncias, fartamente documentadas com provas consistentes e divulgadas ontem nos meios de comunicação envolvendo o presidente ilegítimo Michel Temer no pagamento de propina, oriundos da empresa JBS, a Eduardo Cunha com o objetivo de mantê-lo calado em relação a crimes de corrupção envolvendo o próprio Michel Temer e o núcleo do seu governo. As denúncias atingem também um dos expoentes das forças que lhe dão sustentação política e parlamentar, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, que teria recebido recursos igualmente ilícitos de Joesley Batista, dono da JBS e que chegou a dizer, ao se referir a um de seus colaboradores: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer a delação”.

Além da clara intenção de obstruir o trabalho da Justiça, os fatos tornam público, de forma irrefutável, a natureza criminosa da quadrilha que assaltou o poder ao promover o golpe contra a Presidenta Dilma. Ao mesmo tempo, os fatos tornam insustentável a continuidade do governo golpista.

Neste momento crucial de aprofundamento da crise política, a CUT soma-se ao conjunto de forças democrático-populares para exigir Fora Temer, a retirada dos projetos da reforma da previdência e da reforma trabalhista da pauta do Congresso e a convocação e eleições diretas para eleger um novo Presidente e um novo Parlamento, com atribuições de poder constituinte. Deverá ser devolvido ao povo o direito soberano de escolher seus representantes para pavimentar o caminho para as mudanças estruturais necessárias para restaurar e consolidar a Democracia e promover um novo ciclo de desenvolvimento.

A CUT e os movimentos sociais representados pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo têm tido um papel fundamental na resistência ao governo golpista e a sua agenda neoliberal e regressiva, desencadeando um processo crescente de mobilizações nas capitais e cidades do interior nos dias 8, 15 e 31 de março e que culminaram na histórica greve geral do dia 28 de abril que envolveu mais de 40 milhões de trabalhadores/as. O recado foi dado: só a luta popular será capaz de derrotar o governo golpista e ilegítimo e de impedir que sejam retirados direitos fundamentais da classe trabalhadora. Apesar de termos isolado o governo golpista, que conta com baixíssimo índice de aprovação, ele insiste em manter as reformas criminosas contra a classe trabalhadora.

Diante da gravidade do momento, a CUT orienta suas bases a permanecerem em estado permanente de mobilização, e as conclama a saírem às ruas das capitais e cidades do interior no próximo domingo, dia 21, e a ocuparem Brasília no dia 24 de março para exigir:

QUE O CONGRESSO RETIRE DA PAUTA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA E A REFORMA TRABALHISTA
FORA TEMER!
DIRETAS JÁ!

 

Nota das centrais sindicais

Por eleições democráticas e contra as propostas de reformas trabalhista e previdenciária

Diante do aprofundamento da crise política após as graves revelações contidas nas delações envolvendo o presidente Temer e outros políticos de expressão nacional, as Centrais Sindicais alinham-se à cidadania democrática para exigir a apuração rigorosa de todas as denúncias de corrupção e desmandos que vêm paralisando o País, criando insegurança e impactando negativamente a economia nacional, que se manifesta na forma da recessão e no crescente e alarmante índice de desemprego que assola milhões de famílias de trabalhadores.

Os trabalhadores exigem o estrito cumprimento do rito constitucional e a revalorização do estado de direito como a via para a devida apuração destas e das demais denúncias e acusações que, cada dia mais, pesam sobre o mundo da política e da administração pública. Desta forma, recusamos e combateremos qualquer iniciativa de promover medidas que afrontem nossa Constituição democrática e cidadã como alternativa à grave crise política à qual o País vem sendo submetido.

O permanente esgarçamento das instituições republicanas, ocasionado pelas denúncias e acusações de corrupção, nos leva a considerar que falta legitimidade política e social ao governo para, num momento de grave crise institucional, política, econômica e social como a que estamos vivenciando, querer jogar sobre as costas dos trabalhadores e da parcela mais humilde da sociedade o custo do ajuste econômico representado pelas propostas de reformas trabalhista e previdenciária que tramitam no Congresso Nacional, às quais exigimos que sejam imediatamente retiradas da pauta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. É importante que este debate sobre as propostas de reformas aconteça de forma ampla, envolvendo as representações dos trabalhadores e a sociedade civil.

Qualquer solução democrática para a crise política e econômica nesta conjuntura passa pela construção de um amplo e democrático acordo nacional visando à defesa de nossa democracia e à construção de um novo projeto de desenvolvimento nacional, tarefa que deve mobilizar a sociedade civil e suas mais importantes representações, os partidos políticos, as centrais sindicais e as demais organizações dos trabalhadores e representações patronais. Passa, ainda, pela reconstrução da legitimidade das instituições políticas da República, o que, no caso do Governo Federal e do Congresso Nacional, passa por realizar, no mais curto espaço de tempo exigido pela Constituição, eleições gerais e democráticas.

No dia 24 próximo as Centrais Sindicais estarão em Brasília, com a Marcha Nacional dos Trabalhadores, reafirmando todo o nosso repúdio às propostas de reformas trabalhista e previdenciária e, ao mesmo tempo, buscando soluções democráticas para o atual momento político pelo qual o País atravessa.

São Paulo, 18 de maio de 2017
Antonio Neto
Presidente da CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros

Adílson Araújo
Presidente da CTB – Central dos Trabalhadores Brasileiros

Paulo Pereira da Silva – Paulinho da Força
Presidente da Força Sindical

José Calixto
Presidente da NCST – Nova Central Sindical dos Trabalhadores

Ricardo Patah
UGT – União Geral de Trabalhadores

Nota da UGT

Considerando a gravidade das acusações que envolvem o presidente Michel Temer (PMDB), o senador Aécio Neves (PSDB/MG), e outras importantes autoridades públicas (PMDB/PR), a União Geral dos Trabalhadores (UGT), só vê como saída para o grave momento político que a Nação esta vivendo,  a convocação de eleições Diretas.  Só uma nova ordem política é capaz de resgatar a confiança do povo brasileiro diante do mar de lama que tomou conta da classe política brasileira. Por essa razão a UGT, que desde a sua fundação carrega consigo o DNA de uma entidade reformista, defende que a sociedade, a partir de agora, cobre dos governantes uma ampla e irrestrita reforma política.

É fato que o atual modelo político favorece a realização de ações ilícitas, desvio de recursos públicos e favorecimento de uma pequena elite política e empresarial, que nos últimos anos vem sendo desvendado por meio da Operação Lava Jato.

A bandeira de uma reforma política, neste momento, é uma aspiração de toda a sociedade, isso porque o Estado centralizador dos recursos e dos encargos manipula partidos e parlamentares. Isso há muito tempo a UGT vem denunciando.

Devido a todos os acontecimentos amplamente noticiados, a única alternativa para tirar o País do atoleiro político institucional é que o Congresso tome consciência do real papel de suas funções no Estado democrático de Direito, convocando urgentemente eleições Diretas.

União Geral dos Trabalhadores