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Doria contrata advogados para intimidar críticos nas redes sociais

Em particular, prefeito contrata escritório do secretário municipal de Justiça para buscar críticos e exige retirada de posts 'negativos sob ameaça de processo

Eduardo Knapp/Folhapress

Advogados dizem que objetivo não é censurar, mas atitude tem sido criticada por criar ambiente de intimidação

São Paulo – O prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), contratou o escritório de advocacia de seu secretário de Justiça, Anderson Pomini, para monitorar e notificar críticos do prefeito nas redes sociais. Segundo informações do site BuzzFeed Brasil, autores de postagens consideradas ofensivas pela equipe do prefeito serão contatados com pedidos para retirar as postagens, sob ameaça de processo por calúnia, difamação, injúria ou incitação à violência. A contratação foi feita pelo próprio Doria e não pela prefeitura.

O advogado Guilherme Coelho revelou na própria rede social ter sido notificado. Ele criticou o prefeito por seus comentários contra a greve geral da última sexta-feira (28) e sugeriu que ele deveria levar uma “ovada”. Os advogados de Doria entraram em contato pelo sistema de mensagens da rede e pediram que ele retirasse o termo da publicação, como pode ser lido no diálogo abaixo.

Em entrevista ao BuzzFeed, o advogado do escritório Pomini Guilherme Ruiz disse que recebe informações de simpatizantes de Doria e avalia se a postagem tem indícios de injúria, calúnia ou incitação à violência. “Nunca patrulhamos ninguém. E é óbvio que não se trata de censura. Não há censura quando há ofensa à lei. Internet não é terra sem lei”, disse Ruiz. Ele não informou quantos usuários já foram notificados e se já há algum processo em andamento.

A ação de Doria tem sido fortemente criticada nas redes sociais, por ser avaliada como uma tentativa do prefeito de calar seus críticos. Nas ruas, tem sido recorrente a reação agressiva do prefeito contra manifestações e críticas. No final de semana, ele atirou ao chão flores entregues por uma ciclista em protesto contra o aumento de velocidade das marginais e a proposta de remoção de ciclovias na cidade.