Anti-Lula 2018

Doria ataca Lula e quer que ex-presidente dispute em 2018 para ‘levar uma lição’

Em discurso político, mas sempre negando a política, prefeito chama Moro de 'herói', pede que 'maioria silenciosa' apoie as reformas e cutuca seu próprio partido

Cacalos Garrastazu / Fotos Públicas

Doria: “Pode me tirar do programa, não tem problema. Se eles têm medo… Não sei qual é o problema”

São Paulo – O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), atacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que quer vê-lo disputando (e perdendo) a eleição no ano que vem, para só depois ser punido pelo “herói” Sergio Moro. Mais uma vez se apresentando como gestor (“Não sou político, respeito os políticos, meu pai foi um”), Doria reforçou o tom político no final de 40 minutos de discurso a investidores e empresários. Pediu que a “maioria silenciosa” apoie as reformas e se manifeste.

As afirmações foram feitas no final da manhã desta sexta-feira (12), durante evento na Amcham, a Câmara Americana de Comércio, na zona sul de São Paulo. O tema era o Brasil visto “sob a perspectiva de Wall Street”, do mercado financeiro internacional. No aspecto econômico, o prefeito reapresentou seu programa de privatizações e ressaltou sua proximidade com o setor privado, e no político posicionou-se já com vistas a 2018, atacando o que hoje aparece como principal candidato à Presidência da República.

“Essa maioria silenciosa tem de ser a maioria presente no Brasil. Não se emudeçam”, disse Doria, afirmando que é preciso evitar “posturas egoístas, particulares, pequenas, de ordem sindicalista ou qualquer outro ‘ista'”. “Defendam as reformas”, disse, citando as que estão em curso (previdenciária e trabalhista) e outras, como a tributária e a política. “Não emudeçam, não fiquem quietos. Se ficarmos quietos, esse mesmo cidadão que introduziu a mentira, o assalto e o roubo aos cofres públicos, e ainda bate o peito dizendo que não tem ninguém mais honesto que ele, esse Luiz Inácio mentiroso da Silva, pode voltar na disputa de uma eleição”.

Ele disse apoiar a Operação Lava Jato “e esse herói do Brasil chamado Sergio Moro”, mas considera melhor que Lula dispute “e perca a eleição, para levar uma lição” – e só então ser punido na Justiça. Também se referiu de forma grosseira à ex-presidenta Dilma Rousseff, “sua pupila, essa inteligência”. A plateia riu.

O tucano fez referência ao próprio partido, que o deixou de fora de programa na televisão. “Nosso objetivo é irremovível. Pode me tirar do programa, não tem problema. Se eles têm medo… Não sei qual é o problema.” Disse “amar” a legenda. “Gosto do Fernando Henrique, gosto muito do governador Geraldo Alckmin, como gostava muito do governador Franco Montoro.”

Doria iniciou sua apresentação falando do que chamou “mais amplo e robusto programa de desestatização já feito numa cidade no Brasil em qualquer tempo”. Discursou sobre a eficiência do Estado e defendeu as concessões e parcerias com empresas privadas. “Eu não tenho medo de falar em privatização, isso virou um estigma”, afirmou, dizendo conhecer a “índole” das empresas e de seus dirigentes. “Aqui a gente planeja, pensa, exatamente como o setor privado. Aqui a gente não troca atitude cidadã (…) por apartamento tríplex no Guarujá”, acrescentou, no primeiro ataque ao ex-presidente.

Na segunda parte do discurso, o não político reforçou o discurso político, falando de suas características administrativas. “Vou continuar a fazer o que tem de ser feito. Fui eleito pelo povo, não por veículos de comunicação. Não fui eleito por especialista, por movimento A, B ou C”, afirmou.

 

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