Reformas

Atrás de votos, governo quer jogar votação da Previdência para junho

Deputado da base governista, mas contrário ao projeto, estima que hoje o Planalto não teria votos suficientes

Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Segundo vice-líder do governo, PEC 287 vai à votação quando tiver 330 votos

São Paulo – Inseguro quanto à aprovação em plenário da reforma da Previdência, o governo pretende protelar a votação até o mês que vem, para garantir mais que os 308 votos (três quintos da Casa) necessários na Câmara para aprovação de uma proposta de emenda à Constituição, no caso, a PEC 287. “Nós temos três semanas mais ou menos para garantir 330 votos. O governo vai botar em votação quando tiver 330 votos”, afirmou o vice-líder do governo Darcísio Perondi (PMDB-RS).

Vice-líder do DEM, partido da base governista, Onyx Lorenzoni (RS), que é contrário à proposta, avalia que, hoje, o Planalto teria no máximo 250 votos, aquém do necessário. Ele também considera importante acompanhar a votação da reforma da legislação trabalhista no Senado.

“Era para a reforma trabalhista passar talvez em uma comissão lá, já está passando em três, e tem sido dito lá no Senado que antes do final do ano ela não vai a voto. Eu não vejo condições de que os parlamentares aqui, que têm pago um alto preço para modernizar o Brasil, principalmente do ponto de vista da compreensão da sociedade, ainda se disponham a fazer algo muito ruim, que é a proposta original do governo – que não foi melhorada no meu entendimento – e que está a bulir com a vida das pessoas”, disse o deputado.

Aprovado na Câmara como PL 6.787, o agora PLC 38 passará por pelo menos três comissões permanentes no Senado. A Casa está promovendo nesta quinta-feira (11) debates sobre o projeto trabalhista.

Nós temos ainda 11 medidas provisórias que estão trancando a pauta. Elas precisam obviamente ser discutidas e votadas em plenário. E, em seguida, a avaliação das bancadas é que vai dar o tom da data de votação desta medida”, comentou o líder do PSDB, Ricardo Tripoli (SP), referindo-se à Previdência.  “Obviamente, ainda existem possibilidades de alterações em plenário. Os deputados podem apresentar destaques, emendas… Eu acho que é um longo caminho a percorrer ainda.”

Para o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o governo tinha a possibilidade de, na comissão especial, substituir parlamentares contrários à PEC 287. “Se nós tirássemos cinco do governo e acrescentássemos cinco para nós, nós teríamos ganho a votação aqui na comissão especial. O governo está jogando pesado, substituiu aqueles parlamentares da sua base que iam votar contra a reforma da Previdência aqui.” O texto-base do relator, Arthur Maia (PPS-BA), foi aprovado por 23 votos a 14.

“É indispensável que a população brasileira se mobilize porque a pressão está vindo por parte do governo, individual, em cima de cada parlamentar: oferecendo cargos, ameaçando tirar emendas parlamentares ou oferecendo mais”, criticou o vice-líder do PDT, André Figueiredo (CE). “É algo vergonhoso.”

Com informações da Agência Câmara Notícias

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