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Para manter aprovações de reformas, Temer ameaça cargos

De olho nas próximas sessões legislativas que determinam pautas decisivas para o governo peemedebista, Temer quer conversar sobre infidelidade e exonerações

Marcos Corrêa/PR/Fotos Públicas

Número de deputados que votaram contra a reforma trabalhista deixou Michel Temer desconfortável

GGN – Do total de 59 peemedebistas no Plenário da Câmara para a votação da reforma trabalhista, nesta quarta-feira (26), sete deputados decidiram contrariar a orientação do partido. E junto com eles somaram um total de 177 votos negativos, o que representou 37,4% dos parlamentares.

O resultado pela aprovação das mudanças nas leis trabalhistas, anunciado por volta das 22h30 da noite de ontem, não deixou o presidente Michel Temer de todo confortável. Imediatamente após o encerramento, convocou os líderes partidários aliados para uma reunião na tarde desta quinta-feira (27).

O tema? De olho nas próximas sessões legislativas que determinam pautas decisivas para o governo peemedebista, Temer quer conversar sobre infidelidade e exonerações. A informação é do Painel da Folha de hoje, que indicou que o mandatário deverá analisar corte de cargos e nomeações vindas dos aliados que não seriam a orientação do governo.

Além do PMDB, contabilizado pelo GGN com sete dissidências somente no projeto de leis trabalhistas, o PROS, que tem cinco deputados, levou quatro votos contra a reforma. Por outro lado, o mandatário contou com peso de apoio do DEM e do PSDB, partido que assinou a autoria do texto. Surpresa, ainda, do PSB, que disse ter fechado questão contra a reforma, mas teve quase a metade de sua bancada, em um total de 14 parlamentares, a favor.

Mas a reunião do presidente com os deputados terá ainda outras vistas. Isso porque, apesar de posicionamentos contra o governo dentro dos partidos aliados, o receio é de que a cena não se repita em outras votações esperadas. É o caso, por exemplo, do projeto de lei de abuso de autoridade, recém aprovado pelo Senado e que seguiu agora para a Câmara.

Apesar de contar com grande interesse e apoio dos próprios deputados, Temer tentará afastar possíveis influências de seus parlamentares no projeto que busca evitar abusos de investigações, incluindo condutas polêmicas adotadas por Sérgio Moro, em excessos de prisões preventivas e supostas coerções para delações premiadas.

O objetivo é que a autoria da medida concentre-se em nomes já visados, como o de Renan Calheiros (PMDB-AL). Enquanto isso, Michel Temer adotará o silêncio diante das reações negativas publicizadas por Moro, por sua equipe de procuradores da Operação Lava Jato e, consecutivamente, pela imprensa, contra o projeto de lei.

Também está em jogo, nessa linha dos parlamentares, o projeto do fim do foro privilegiado. O texto aproveitou o atual clamor público de que políticos sejam julgados pela Justiça Comum, desde a primeira instância, para introduzir interesses, como o de que esses processos sejam comandados por juízes do estado de origem do político ou parlamentar, sobre o qual, em tese, possuem maior influência.

Os dois projetos, tanto o de abuso, quando o do fim do foro privilegiado, buscam amenizar os receios dos deputados e senadores por avanços da Lava Jato e de outras investigações, com possíveis abusos dos magistrados. A moeda de troca do Executivo com esses projetos será a aprovação também pelo Congresso das medidas econômicas.