Após três anos

Lava Jato deixa rastro de arbitrariedade e devastação econômica

Paralisia em obras, desemprego, desvios constitucionais e instabilidade política são legados da maior operação de combate à corrupção do país

reprodução/EBC

Lava Jato acarretou corte de 440 mil postos de trabalho no setor de óleo e combustível

São Paulo – A Operação Lava Jato completou, em março, três anos de atuação. De uma investigação doleiros e lavagem de dinheiro através de um posto de gasolina, em Curitiba, se tornou a maior operação contra a corrupção no país. Contudo, deixa rastro de destruição econômica, suspeição política e ilegalidades cometidas. 

Até agora, a Lava Jato recuperou cerca de R$ 3 bilhões em recursos desviados. Por outro lado, as perdas estimadas somam R$ 150 bilhões. Nesses três anos, a taxa de desemprego quase triplicou, passando de 4,8%, em 2014, para 13,2% este ano, segundo o IBGE.

“A Lava Jato é ambígua. Por um lado, desnudou mais ou menos o que já se sabia, que o Brasil tinha uma corrupção estrutural que vem de muitos anos, há várias décadas, que não foi o PT que criou ou inventou, mas se inseriu nela. Por outro lado, a Lava Jato cometeu uma série de equívocos. Por exemplo, desvios constitucionais”, afirma Aldo Fornazieri, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), em entrevista ao repórter Paulo Castilho, para o Seu Jornal, da TVT

Ele também aponta os riscos de parcialidade e partidarização da operação: “O próprio Deltan Dallagnol, procurador que coordena a operação, reconheceu algo gravíssimo, que eles não estão investigando o PSDB. A Lava Jato se tornou parcial e protetora do PSDB.”

Segundo Aldo, a Lava Jato se somou à crise política e, com a paralisia dos investimentos públicos, agravou também a crise econômica. Ele acredita que, em 2017, a recessão pode arrefecer, mas a recuperação da economia tende a demorar. 

Gustavo Marsaioli, coordenador do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), explica que a Lava Jato foi responsável pelo corte de quase metade dos trabalhadores do setor de óleo e combustível, com 440 mil vagas fechadas, além de outras consequências econômicas negativas.

“A fábrica de fertilizantes, a UFN 3, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, por exemplo, foi paralisada com  80% da obra já concluída, que empregava cerca de 7 mil trabalhadores. Além de tudo, causou um impacto gigantesco na cidade. O consórcio que operava a obra deixou mais de R$ 36 milhões em dívidas”, afirma Masaioli

Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria da Construção (CNTIC), Admilson Lúcio de Oliveira, houve pelo menos 50 mil demissões no setor, por conta de cortes do governo em obras públicas e da paralisia causada pelas incertezas advindas da Lava Jato. “Se continuar investigando e fazendo política, vai continuar o desemprego. A cada denúncia de uma indústria, de uma empresa nacional, ela perde a credibilidade. Quem vai pagar é o trabalhador”, diz ele. 

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