desajuste

Assembleia do Rio autoriza a privatização da Cedae

Venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos faz parte de pacote de ajustes exigidos pelo governo Temer para liberar empréstimo ao estado

Tomaz Silva/Agência Brasil

Trabalhadores e movimentos sociais protestaram em frente a Assembleia Legislativa do Rio contra a venda da Cedae

São Paulo – A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou ontem (20), por 41 votos a favor e 28 contra, projeto de lei que autoriza a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). A venda da companhia é exigência do governo Temer para liberar parte do empréstimo de R$ 6,5 bilhões em socorro ao estado.

A Cedae é responsável pelo abastecimento de água em 64 das 92 cidades do estado do Rio de Janeiro. De caráter misto, com o governo fluminense como acionista majoritário, apesar da crise enfrentada pelo estado, a companhia registra seguidos balanços positivos. Em 2015, o lucro líquido foi de R$ 248,89 milhões. 

“O valor que estão pedindo pela Cedae é pífio. Sabemos que não é esse o caminho para solucionar a crise financeira. Querem, sim, privatizar o abastecimento de água. Não adianta dizer que é por outra razão. O governo do PMDB é o mais corrupto da história do Rio de Janeiro. Surrupiaram o estado nos últimos anos”, contestou o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol). 

“Todos que estão ali dentro têm uma série de acertos com o senhor Piciniani”, diz João Fernandes, trabalhador da Cedae, em entrevista à repórter Clara Araújo, para o Seu Jornal, da TVT, fazendo referência ao presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB). “Essas 41 pessoas decidiram o futuro da maioria da população do estado. É indignante e inaceitável. A gente não vai baixar a cabeça”, afirmou a estudante Bárbara Sinedino, presente aos protestos em frente à Assembleia, no centro do Rio.

Após a votação, os manifestantes seguiram nas ruas em protesto. decidiram continuar nas ruas e tentar reverter a decisão de venda. Em passeata, os manifestantes caminharam até o prédio da Cedae, também no centro da cidade e foram recebidos com truculência pela Polícia Militar. Vinte pessoas foram detidas. 

“A privatização vai aumentar a conta. Ao mesmo tempo, vão abrir mão de um ativo que foi construído com dinheiro público. Afeta diretamente o município e de suas condições de abastecimento de água e esgoto”, destacou o vereador Tarcísio Mota (Psol). 

Ele também criticou os excessos da PM contra os manifestantes: “O uso da força é proporcional à legitimidade da nossa luta. Se eles hoje colocam tantos policiais para bater em trabalhador, em quem está se mobilizando, é porque a gente está do lado certo.”

Os trabalhadores também prometem seguir mobilizados. “É necessário que saibam que todo esse grupo que aqui se mostra agora não vai ficar parado. Vai ser um trabalho de formiguinha, a gente vai ser reprimido em alguns momentos, mas vamos continuar lutando”, diz João Fernandes.