Pedido de Investigação

Deputado aponta dúvidas sobre acidente com Zavascki e cobra respostas urgentes

Segundo Paulo Pimenta, país tem histórico grande de mortes nunca esclarecidas envolvendo políticos e autoridades “e a queda do bimotor que conduzia Teori Zavascki não pode ser mais um destes casos”

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Pimenta: sucessor de Teori Zavascki é questão central; Temer não tem condições de fazer essa nomeação

Brasília – O deputado Paulo Pimenta (PT-SP) afirmou hoje (20) que há várias dúvidas sobre as causas que levaram ao acidente que vitimou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, no início da tarde de ontem. Ele cobrou que as dúvidas sejam esclarecidas o quanto antes “para que o país possa voltar a ter a serenidade necessária para acompanhar os desdobramentos da tragédia”, conforme destacou. Pimenta lembrou que o Brasil tem um histórico de mortes estranhas que nunca conseguiram ser explicadas.

E citou, dentre essas mortes, as dos políticos Eduardo Campos (ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência da República em 2014), Ulysses Guimarães (deputado e ex-presidente da Câmara), Juscelino Kubitcheck e João Goulart (ex-presidentes da República), entre outros nomes. Por conta disso, Pimenta disse considerar natural que em casos do tipo comecem a ser feitas especulações sobre crimes e teorias conspiratórias pela população.

“No caso da morte do ministro Teori há uma questão central que precisa ser esclarecida logo que é quem será o seu sucessor, já que se trata do relator dos processos relacionados à Lava Jato”, afirmou.  A opinião do parlamentar é que o presidente da República, Michel Temer, não tem condições de indicar um nome para ocupar o cargo de Zavascki no STF.

“É evidente que o presidente Michel Temer não poderá fazer a indicação do nome do sucessor do ministro, uma vez que pesam contra ele várias denúncias. Como é possível que alguém seja responsável por indicar o ministro que será relator de processos contra ele próprio?”, questionou. O deputado também lembrou que, além das 41 denúncias já feitas durante delações premiadas contra o presidente da República há, ainda, denúncias contra vários dos seus ministros.

‘Muitos questionamentos’

De acordo com Paulo Pimenta, uma investigação séria precisa ser cobrada e deve acontecer, de fato, “porque são muitas as circunstâncias que levam a questionamentos”.

“O ministro Teori Zavascki tinha parado as férias e retornado a Brasília poucos dias atrás para definir detalhes da delação premiada de 77 pessoas. Sabe-se que essas delações atingiriam o cerne do atual governo e iriam revelar detalhes de um esquema criminoso”, afirmou ele – embora sem apontar nomes, nem fazer qualquer ilação sobre possível atentado em relação à aeronave que conduzia o magistrado.

“Além disso – afirmou ainda o deputado – o avião estava sendo conduzido, conforme informações repassadas até agora, por um piloto experiente que era, inclusive, instrutor de outros profissionais. E se tratava de uma aeronave que estava em perfeitas condições técnicas e documentação em dia”.

Para Pimenta, as principais perguntas a serem esclarecidas pelos grupos de investigação precisam ser: “quem poderia ser beneficiado com a morte de Teori Zavascki? Quem tinha interesse em sua morte? Qual foi o roteiro que o ministro cumpriu antes de ir para o aeroporto Campo de Marte, em São Paulo? Se o ministro andava com seguranças, por que não fez uso destes profissionais exatamente neste dia? Como Zavascki foi de Brasília até São Paulo e por que motivo?”. “São questões básicas que precisam ser respondidas”, ressaltou.

Queda em Paraty

Teori Zavascki faleceu durante a queda de um avião bimotor a caminho de Paraty por volta das 14h de ontem. A confirmação da morte só foi feita por um dos seus filhos, por volta das 18h. A aeronave levava outras quatro pessoas, além dele – todas morreram.

O corpo do magistrado foi resgatado e levado durante a madrugada para o Instituto Médico Legal (IML) de Angra dos Reis, onde ainda permanece. Os filhos de Zavascki, que é viúvo, pediram à presidenta do STF, ministra Cármen Lúcia, para que todo o seu funeral seja realizado em Porto Alegre, capital onde reside a família.

No início da manhã, um dos seus filhos, Ricardo Zavascki, disse em entrevista à Rádio Estadão que o pai tinha recebido ameaças no ano passado, embora não gostasse de falar no assunto e não as temesse. E pediu que o caso seja devidamente investigado. Ricardo evitou fazer especulações maiores, mas disse que considera “muito ruim para o país ter um ministro do Supremo assassinado” e que “a questão é saber o que o movimento contrário à Lava Jato teria coragem de fazer para frear as investigações”.

Até o início desta tarde, nem a família do ministro nem o STF divulgaram detalhes sobre o traslado do corpo de Zavascki para Porto Alegre, nem onde serão realizados o velório e o sepultamento.

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