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Requião: ‘O povo não retornará submisso à senzala’

Durante sessão do impeachment, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) fez paralelos entre forças que tentam derrubar Dilma e as que levaram Getulio ao suicídio: 'Abutres e corvos caem sobre nosso país'

memória/ebc

“As senhoras e os senhores estão preparados para a guerra civil?”, provocou Requião

São Paulo – “Se os senhores senadores e senadoras concordam com a redução do Brasil a um medíocre Estado associado, outro Porto Rico, sintam-se servidos. Não será a primeira vez que os abutres e corvos caem sobre nosso país”, afirmou o senador Roberto Requião (PMDB-PR), durante sessão sobre o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Porém, o povo que provou por alguns anos o gosto da emergência social não retornará submisso à senzala”, afirmou.

O discurso de Requião passou rapidamente pela defesa do mandato de Dilma e mencionou, principalmente, medidas que o governo interino de Michel Temer (PMDB) vem aplicando. “Este Senado está prestes a repetir o golpe de março de 1964. O que se pretende? Que daqui a alguns anos se declare nula esta sessão, como declaramos a que tirou o mandato de João Goulart? Se mesmo sem culpa esta Casa condenar a presidente, que cada um esteja ciente do que está por vir”, disse.

“As intenções do vice (Temer) são claras, solares. Veja um caso: desvincular o reajuste das aposentadorias e pensões do salário mínimo. Isso será a destruição do maior instrumento de distribuição de renda do país, que é a Previdência Social. Tudo isso para pagar os juros da dívida, que é o maior instrumento de concentração de renda do país”, afirmou. O senador ainda disse temer o desmonte das garantias e direitos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

“É espantoso que algum ser humano tenha concebido tamanhas barbaridades. Mais ainda, que algum senador ou senadora do Brasil possa aprovar isso. Privatização em regra e alienação radical de todo o patrimônio brasileiro. Energia, minérios, florestas, territórios, recursos hídricos, fabris, tecnológicos e aéreos do país. Depois da entrega do pré-sal, querem entregar até mesmo a maior reserva de água potável do mundo, o Aquífero Guarani”, disse.

Requião alertou que as intenções do governo interino de cortar direitos pode não ser aceito. “A combinação explosiva de entreguismo e medidas contra os mais pobres, contra direitos e conquistas alimenta as contradições de classes. As senhoras e os senhores estão preparados para a guerra civil? Se não, procurem trincheiras, pois o conflito será inevitável”, disse.

Requião traçou um paralelo entre as forças que atuam contra o mandato de Dilma Rousseff e as que levaram Getulio Vargas ao suicídio em 24 de agosto de 1954. “Os dias de hoje, infelizes dias, lembram outros dramas, especialmente o de 1954. Assim, leio um trecho da carta-testamento de Vargas que reproduzem os atuais dramas: ‘Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam-me. Não me combatem, caluniam-me. E não me dão o direito de defesa (…) Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem sugar o brasileiro, ofereço a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco’ (…) Razão, alma e coração. Não ao impeachment”, concluiu o senador.

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