Candidato do PSDB lidera em Teresina e atual prefeito (PTB) aparece em segundo

Cisão na aliança que levou PT e PSB a governar o Piauí nas últimas três gestões enfraqueceu a ambos na já tradicionalmente difícil disputa pela capital do estado

Ex-prefeito Firmino (PSDB) lidera, seguido pelo atual, Elmano (PTB); senador Dias (PT), ex-governador, e Rego (PSB), apoiado pelo atual governador têm pouco tempo para reverter cenário (Fotos: Flickr/Divulgação)

Teresina – A menos de um mês das eleições, o candidato Firmino Filho (PSDB) aponta como favorito nas pesquisas de intenção de votos para prefeito em Teresina, no Piauí. Segundo números do Instituto Captavox, da TV Cidade Verde (retransmissora do SBT), o tucano, que é deputado estadual, aparece na liderança com 36,5% das intenções de votos, um ponto acima da consulta anterior, divulgada em no último dia 3.

O prefeito Elmano Férrer (PTB), que busca a reeleição, aparece em segundo, com 24,9%. Na semana passada, aparecia com 26,3%. O senador Wellington Dias (PT) aparece em terceiro, com 14,8% da preferência do eleitorado. O petista também apresentou uma queda de quase dois pontos, depois de chegar a 16,5% na pesquisa anterior. O candidato do PSB, o apresentador de TV Beto Rego, ficou com os mesmos 12,4%.

Dessa forma, o tucano Firmino Filho e o petebista Elmano Férrer caminham para a disputa no segundo turno, enquanto Wellington Dias e Beto Rego buscam forças ainda para tentar mudar o quadro e evitar a polarização entre tucano e petebista. A pesquisa ouviu mil eleitores, tem margem de erro de 2,98% para mais ou para menos e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número PI- 00296/2012.

Causa e efeito

Dois mundos
A realidade da capital é altamente contrastante com a do Piauí. Para se ter uma ideia, Teresina, com cerca de 825 mil habitantes, tem 26% da população de todo o estado, de aproximadamente 3,1 milhões. O segundo município mais importante, Parnaíba, tem 145 mil habitantes, e o terceiro, Picos, 75 mil.
O estado começou o século 21 com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, que vai de 0 a 1) na casa de 0,55. Hoje está em 0,76, com meta de atingir 0,80 em 2014. O PIB local também cresceu muito mais que o nacional, saltando de R$ 7 bilhões em 2002 para R$ 22 bilhões atuais (ou R$ 6.500 por habitante). No entanto, mais de um terço de todas as riquezas do estado está concentrada em Teresina, R$ 8,7 bilhões (ou R$ 11 mil per capita).
Assim, se os partidos de esquerda foram bem-sucedidos na gestão do estado – para tanto derrotando caciques como Hugo Napoleão, Mão Santa e Heráclito Fortes –, reza o histórico eleitoral que, na capital, o esforço para superar os mais conservadores ainda não surtiu efeito.

O PT experimenta em Teresina mais um rompimento de aliança regional com o PSB, a exemplo da cisão vivida pelos partidos em capitais como Recife (PE) e Belo Horizonte (MG). A principal liderança do PT, o senador Wellington Dias, governou o Piauí por dois mandatos (2002-2006 e 2007-2010). A aliança com o PSB não só determinou a superação sobre antigos caciques do velho PFL e do PMDB, como assegurou, em 2010, as vitórias do socialista Wilson Martins na eleição para o governo do estado e do petista para o Senado.

Para o cientista político da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Cléber de Deus, o desempenho dos candidatos dos dois partidos nas pesquisas é fruto de estratégias e decisões erradas tomadas durante a pré-campanha. No caso do ex-governador e senador Wellington Dias, o especialista acredita que o fato de o petista ter defendido, em um primeiro momento, a candidatura de sua mulher, a deputada estadual Rejane Dias (PT), levou a um princípio de desgaste.

O senador foi derrotado na convenção municipal, da qual o partido saiu rachado, o que determinou uma intervenção do Diretório Nacional do PT. “Ele (Dias) já havia afirmado que não seria candidato de jeito nenhum, mas voltou atrás após intervenção do PT Nacional. Isso o levou a um desgaste político muito grande, pois a população percebe essas movimentações”, avalia o cientista político Cléber de Deus.

O analista observa que, apesar de os sete anos e meio de mandatos de Wellington Dias no governo estadual terem sido bem avaliados – a ponto de ele eleger o seu sucessor –, o eleitorado do estado e da capital têm perfis diferentes. “Eleição municipal é outra realidade, principalmente, após tantas decisões tomadas erradas pelo senador”, diz, lembrando o fato de o PT não ter aceitado indicação de outra sigla para a compor a chapa na atual disputa. “Foi outro tiro no pé. Saiu isolado.”

Quando era governador, em 2010, Wellington Dias concedeu entrevista à Revista do Brasil. Relembre

O atual governador, segundo o cientista político, também não conseguiu até agora agregar adesões ao seu candidato, Beto Rego. “O governador não tem obtido uma avaliação muito positiva, como as últimas pesquisas têm mostrado. E essa relação Beto e Wilson tem, localmente, pouco efeito”, avalia.

Faltando menos de um mês para as eleições, apenas nesta semana o governador foi aparecer pela primeira vez no horário eleitoral gratuito pedindo votos a Beto Rego. Além disso, tanto o candidato do PT quanto o do PSB – radialista e apresentador conhecido por apresentar programas de televisão de apelo popular – enfrentam na capital uma disputa de votos mais acirrada do que no plano estadual.

“Em Teresina, Firmino e Elmano não possuem alta rejeição e têm grande força eleitoral. O primeiro é ex-prefeito e o segundo é o atual”, destacou.

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