Eliana Calmon começa a inspecionar Judiciário de São Paulo

No ano passado, corregedora nacional de Justiça disse que havia “bandidos de toga” no TJ paulista e disse que só conseguiria inspecionar o órgão “no dia em que o Sargento Garcia prender o Zorro”

São Paulo – Após uma série de polêmicas, a corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, inicia nesta segunda-feira (6) a inspeção do Tribunal de Justiça de São Paulo. Um dia que nem mesmo a corregedora imaginava que poderia chegar. Em setembro passado, Eliana Calmon abriu uma troca de farpas no Judiciário ao afirmar, em entrevista à Associação Paulista de Jornais, que o poder tinha “gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga”.

Na ocasião, ela afirmou ainda que o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, resistia em aceitar que pudesse ser feita uma inspeção no TJ paulista, órgão ao qual pertenceu. “Sabe que dia eu vou inspecionar São Paulo? No dia em que o Sargento Garcia prender o Zorro. É um Tribunal de Justiça fechado, refratário a qualquer ação do CNJ e o presidente do STF é paulista.”

Segundo comunicado do Conselho Nacional de Justiça, o tribunal paulista será o 25º a passar por vistoria da Corregedoria Nacional de Justiça. Os trabalhos serão abertos por um encontro com o presidente do TJ, o desembargador Ivan Sartoril, e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Ministério Público Estadual e da Defensoria Pública.

Durante a semana, 30 pessoas, entre juízes-auxiliares, servidores e técnicos, vão verificar as áreas de pessoal, de licitações e de contratos administrativos. De acordo com o CNJ, o Tribunal de Justiça de São Paulo é o maior do país, respondendo por quase 30% dos casos que chegam todos os anos ao Judiciário estadual. 

A relação entre Eliana Calmon e os togados paulistas começou a se distensionar publicamente no final de julho, com uma homenagem no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Na ocasião, em entrevista à Revista do Brasil, ela afirmou que o sistema judiciário brasileiro foi criado para favorecer as elites políticas e econômicas. “Não tenha dúvida. Todo o sistema é para essa proteção. Nós não mudamos o sistema de uma hora para outra, porque se mudarmos, as elites ficarão desprotegidas”, afirmou em entrevista para a Revista do Brasil.