Ligado a evangélicos, Partido Ecológico Nacional cresce no Norte e no Nordeste

Porto Alegre – Oficializado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 19 de junho deste ano, o Partido Ecológico Nacional (PEN) é a 30ª agremiação política do país. Com um mês […]

Porto Alegre – Oficializado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 19 de junho deste ano, o Partido Ecológico Nacional (PEN) é a 30ª agremiação política do país. Com um mês de existência, a nova legenda já conta com pelo menos 30 deputados estaduais no Rio Grande do Sul e 2 federais. A perspectiva é que a bancada na Câmara dos Deputados possa chegar a até 20 parlamentares.

O novo partido surge fortemente vinculado aos evangélicos da Assembleia de Deus. Tanto o presidente nacional Adilson Barroso quando o deputado federal Fernando Francischini (ex-PSDB-PR) são ligados a essa igreja.

Apesar de trazer a marca da ecologia no nome, o site do PEN acaba sendo genérico no que diz respeito à defesa do meio-ambiente. Uma lista com sete recomendações de políticas públicas defendidas pelo partido sugere temas como “recuperação da mata ciliar”, “cuidados com o lixo” e “energia solar para todos”, sem aprofundar nessas ou em outras questões.

Uma sessão do site exibe os “dez mandamentos” do PEN. E o último deles reforça: “Não esqueça de agradecer a Deus pela perfeição do planeta”. Há, ainda, uma página no site oficial do partido destinada apenas a reflexões, onde são colocados à disposição 15 arquivos de Power Point com mensagens, fotos de paisagens e músicas de fundo. Vários deles abordam temas religiosos, como “com Deus não se brinca”, “será que Deus é culpado?” e “um minuto com Deus”.

Apesar de ser novo e ainda pequeno, o PEN desponta como uma força política considerável no Norte e no Nordeste no país. Na Paraíba, o partido já possui a maior bancada da Assembleia Legislativa: nove dos 39 deputados migraram para a sigla, inclusive o presidente do Parlamento estadual. Os partidos que mais perderam representantes para o PEN foram o DEM, o PSDB e o PSL.

No Acre, o novo partido também detém a maior bancada, com seis dos 24 parlamentares. Lá, o partido recebeu deputados que eram do DEM, do PP, do PR e do PDT e irá compor a base aliada do governador Tião Viana (PT).

Nacionalmente, o partido ainda busca a filiação dos cerca de 20 deputados federais que apoiaram a sua criação – sendo que a maioria é ligada à Assembleia de Deus. O presidente nacional do PEN, Adilson Barroso (ex-deputado estadual de São Paulo pelo PSC), garante que o partido não é um braço político da Assembleia de Deus. “Isso é uma grande mentira. Só porque sou evangélico e entendo que Cristo é o filho de Deus, não quer dizer que o partido também seja. É um partido normal, nenhum pastor ajudou a coletar as assinaturas para a fundação”, assegura.

Barroso explica que o PEN defende um ambientalismo “não radical”. “Muitas vezes o ambientalista não defende uma agricultura e uma indústria sustentáveis, mas sim um radicalismo que diz que tem que plantar árvore em tudo que é lugar”, compara.

O presidente nacional diz que o novo partido definirá na próxima semana se irá apoiar o governo federal ou se será oposição. Mas já adianta sua preferência: “Em 2010 eu votei na Dilma”, conta.

No Rio Grande do Sul, o partido não terá, nesse primeiro momento, nenhum político em exercício de mandato. O PEN gaúcho não tem sequer uma comissão provisória. “Não entendo porque ainda não apareceu nenhum político gaúcho que goste da sustentabilidade”, lamenta Barroso.

O deputado federal Fernando Francischini, ex-delegado da Polícia Federal, deixou o PSDB do Paraná para se filiar ao PEN. Ele conta que tomou essa atitude para ter mais “espaço político” em seu estado e ter chances de disputar uma eleição majoritária. “O meu sonho político de enfrentar uma eleição majoritária nunca iria se concretizar no PSDB. Também desejo mais liberdade em Brasília”, comenta. O ex-tucano define o PEN como um partido de centro e diz que irá “defender com mais força a social democracia cristã e os valores da família”.

Integrante da Assembleia de Deus, Francischini se intitula o candidato dessa igreja no Paraná e acredita que sua ligação religiosa irá atrair diversos fieis para as fileiras do novo partido. “Minha ligação com a igreja é muito forte. Sou contra misturar religião e política, mas a gente acaba abraçando as bandeiras da nossa fé. Com certeza muita gente que virá para o partido tem ligação com a defesa da família, com o combate ao aborto e à legalização das drogas”, explica.

O deputado reconhece que o PEN ainda não deslanchou em solo gaúcho, e acredita que isso acontece porque o Estado possui uma forte tradição partidária. “A tradição política e partidária é muito forte no Rio Grande do Sul e isso acaba assustando um pouco quem deseja trocar de partido”, opina.

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