Em SP, ativistas vão às ruas pela 6ª semana consecutiva para contestar aumento do ônibus

Reunião de negociação com vereadores e executivo municipal também ocorre nesta quinta, mas local e horário seguem indefinidos

Protesto de 10 de fevereiro, no Centro da capital paulista (Foto: Magnus Viola/Flickr Divulgação)

São Paulo – Nesta quinta-feira (17), manifestantes vão para a frente da prefeitura da capital paulista para protestar contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo.  Há seis semanas militantes do Movimento do Passe Livre (MPL), estudantes, trabalhadores e cidadãos insatisfeitos com o reajuste tem ido às ruas protestar. A tarifa foi reajustada de R$ 2,70 para R$ 3 no início de janeiro, um aumento superior à inflação dos 12 meses anteriores.

Em nova reunião programada para esta quinta-feira (17), ainda sem data e horário definidos, o movimento deve cobrar ao Executivo e vereadores uma renegociação do valor da tarifa. O presidente da Câmara dos Vereadores, Police Neto (PSDB) garantiu que a reunião seria até o meio-dia desta quinta. A promessa ocorreu no sábado (12), ao final de uma audiência pública sobre o assunto.

“Nesta reunião (com a prefeitura) daremos ao poder público o recado das manifestações: não aceitaremos nenhum aumento de passagem e nos manteremos nas ruas até que se revogue o aumento. Não aceitaremos nada menos que isso”, promete o MPL, em carta aberta divulgada em seu perfil oficial do Facebook (apenas para usuários).

Na carta, o MPL afirma que os argumentos e afirmações apresentadas durante a audiência apontam para a “falta de comprovação técnica” para a necessidade do reajuste. Eles ainda consideram que, na discussão, ficou evidente a “clara falta de investimento na qualidade do transporte, e uma concepção de transporte que não o encara como um direito social”. Por  esses motivos, o movimento exigiu a abertura de negociação com o Executivo.

Confira a Carta Aberta na íntegra

Carta aberta do MPL sobre a reunião

No último sábado – 12 de fevereiro – nós do Movimento Passe Livre estivemos, junto a outras organizações, presentes na Câmara dos Vereadores em uma audiência pública com o Secretário Municipal de Transportes, Marcelo Branco, para debater o aumento da passagem de ônibus.

Esta audiência foi marcada graças as mobilizações que fizemos nas ruas nestas  últimas semanas. Os argumentos e as informações apresentadas durante o debate apontaram para a falta de comprovação técnica para o aumento, planilhas de custos do  transporte que são insuficientes para análise contábil, seguida de clara falta de investimento na qualidade do transporte, e uma concepção de transporte que não o encara como um direito social. Estes motivos nos levaram a exigir a abertura de negociação com o Poder Executivo.

Em resposta, o Secretário de Transportes disse que poderia encaminhar um projeto para aumentar o desconto aos estudantes. Não sendo este o tema da Audiência Pública, exigimos novamente a abertura das negociações com o poder Executivo. Neste momento a sessão foi dada como encerrada e o Secretário se retirou as pressas da Câmara dos Vereadores.

Não aceitamos o final abrupto da sessão, sem o comprometimento do Secretário em abrir a negociação. Por isso pressionamos o presidente da Câmara, Pólice Neto, dizendo que só sairíamos dalí quando uma reunião de negociação com o Poder executivo, a Câmara dos Vereadores e o movimento fosse garantida. Após muita pressão, ela foi concedida, e acontecerá até quinta-feira 12h.

Estaremos presentes nessa negociação e por isso acreditamos ser necessário explicitar nossas posturas e concepções para esta reunião.

Para nós todo e qualquer aumento de passagem significa aumento da exclusão, cada vez que a tarifa sobe mais pessoas são excluídas do sistema de transporte por não terem meios de pagar por ele. Os aumentos evidenciam a lógica que nosso transporte é gerido, voltado para os interesses dos empresários, não sendo tratado como um direito social de todo população. Por acreditarmos que o transporte é um direito, não aceitamos nenhum aumento.

Aproveitaremos o espaço aberto pelo Poder Público para pressioná-lo a revogar o aumento de passagem e não iremos negociar nada além disto. Não trocaremos a reivindicação da reversão do aumento por qualquer migalha que possa ser dada pelo executivo. Afinal, é por esta reivindicação que milhares de pessoas saíram as ruas e não nos cabe aceitar nada menos do que isso.

Somos um movimento independende, apartidário e horizontal e não nos reivindicamos representantes das milhares de pessoas que estão protestando nestas últimas semanas. Acreditamos na auto-organização popular e na concepção de que a política se faz nas ruas, por todos, de forma horizontal, sem lideranças. É por isso que nessa reunião daremos ao poder público o recado das manifestações: não aceitaremos nenhum aumento de passagem e nos manteremos nas ruas até revogar o aumento. Não aceitaremos nada menos que isso.

Movimento do Passe Livre São Paulo, quarta, 16 de fevereiro de 2011

Foto original publicada no Flickr de Magnus Viola.

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