Resposta de Ideli: declarações de Jobim ‘não são necessárias’

Ministra mantém tom adotado pelo núcleo do governo. Atrito reforça rumores de saída

Ideli: ministro deve se preocupar em executar o que é delegado a executar (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil – arquivo)

São Paulo – Alvo do novo intento de Nelson Jobim, ministro da Defesa, contra o governo do qual faz parte, Ideli Salvatti manteve o tom adotado pelo restante do Executivo a respeito das declarações de seu colega de primeiro escalão. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais considera que as colocações recentes de Jobim “não são necessárias”. O tom foi o mesmo empregado na semana passada por Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência.

Nesta quinta-feira (4), foi divulgado parte do conteúdo de uma entrevista concedida por Jobim à revista Piauí, na qual ele tenta desqualificar duas colegas de Esplanada dos Ministérios. Além de Ideli, a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também é alvo. Enquanto a primeira é taxada de “fraquinha”, a segunda “nem sequer conhece Brasília”.

A presidenta e suas duas ministras formam um trio central no Executivo, coordenando politicamente as ações do governo. A divulgação do conteúdo acontece um dia depois de uma reunião entre Jobim e Dilma.

A declaração de Ideli foi feita nesta quinta em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, no “Poder e Política – Entrevista”, programa de vídeo na internet do Grupo Folha. Quando o tema foi mencionado, ela disse: “Quando você está à frente de uma pasta, de um ministério, você tem que ter sempre muita preocupação de executar aquilo que você está delegado para executar. Não quero brincar, mas apesar de muita gente dizer que o ataque é sempre a melhor defesa, o ministro da Defesa talvez devesse se conter um pouquinho. Acho que tem declarações que não são necessárias”.

“Para um ministro da Defesa é desnecessário determinados ataques. É desnecessário. Não é assunto relacionado à pasta dele…”, insistiu. Ela nega ter ficado chateada com o episódio “até porque eu tenho clareza das minhas qualidades” e “das minhas dificuldades”.

Na segunda-feira (1º), Jobim disse ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que tem “prazer” em exercer o cargo e que pretende permanecer. Entre militares, é dada como certa sua saída em breve, já que teria havido um acordo entre o ministro e o ex-presidente Lula no sentido de garantir sua permanência apenas por alguns meses. A opção de manter polêmicas e acumular desgastes reforça as especulações a respeito de sua substituição.