Novo ministro da Agricultura promete ouvir muito e descarta ‘faxina’

Mendes Ribeiro Filho foi indicado ao Ministério da Agricultura após demissão de Wagner Rossi (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil) São Paulo – A missão no Ministério da Agricultura é “conversar muito […]

Mendes Ribeiro Filho foi indicado ao Ministério da Agricultura após demissão de Wagner Rossi (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

São Paulo – A missão no Ministério da Agricultura é “conversar muito e ouvir muito” e não fazer “faxina”, afirma o deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), indicado para dirigir o órgão nesta quinta-feira (18). Após a confirmação pelo Executivo da indicação para substituir Wagner Rossi, cuja carta de demissão foi apresentada à Presidência na véspera, o parlamentar gaúcho afirmou que pretende deixar as denúncias para a Justiça investigar.

Nos últimos 30 dias, Rossi e o ministério têm sido objeto de denúncias de irregularidades publicadas na mídia. As suspeitas levantadas foram os motivos do pedido de exoneração pelo ex-titular da pasta, que alegou ter recebido um “ultimato” da mulher e dos filhos para deixar o posto e se livrar da “saraivada de falsas acusações”. Por isso, a preocupação dos jornalistas esteve relacionado à possibilidade de se promover mudanças em diretorias e secretarias da pasta – de modo semelhante ao que ocorreu no Ministério do Transportes, comandado pelo PR e envolvido em suspeitas de desvios em obras rodoviárias e ferroviárias.

“Faxina? Vou tratar de agricultura”, rechaçou Mendes Ribeiro Filho. “Quem faz a investigação são os órgãos investigativos, tenho que tratar da agricultura do Brasil, tratar de números”, disse. Ele deve se reunir com o ex-ministro ainda nesta quinta para acertar a transição de comando. O deputado, que ocupa desde julho a liderança do governo no Congresso, fez elogios a Rossi: “Ele fez um extraordinário trabalho”.

Amigo pessoal de Dilma desde a década de 1980, Mendes Ribeiro Filho disse ter conversado com a presidenta pela manhã, quando foi confirmado e aceitou o convite. A posse deve ocorrer na próxima segunda-feira (23). É o primeiro nome indicado para a Agricultura sem vínculos diretos ao agronegócio pelo menos desde 2003, já que tanto Luiz Inácio Lula da Silva quanto Dilma mantiveram figuras ligadas ao setor.

Só apoios

A indicação de Mendes Ribeiro Filho foi bem recebida no Congresso Nacional. Integrantes da oposição e da base aliada aprovaram o nome do líder do governo no Congresso. Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) lamentou a “briga política” de que Rossi foi alvo e ressaltou que o indicado tem todas as condições para realizar um bom trabalho.

No comando de uma campanha no Congresso por uma “faxina da Esplanada dos Ministérios”, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) elogiou a nomeação de seu conterrâneo. “Ele não é agricultor, mas ocupou vários cargos, inclusive no governo estadual, e, montando uma boa equipe, pode fazer um trabalho competente”, disse.

Mesmo sem ressalvas ao nome escolhido, o senador Aloyzio Nunes Ferreira (PSDB-SP) fez críticas à forma como o Executivo conduz a composição dos ministérios. “O problema reside no modelo montado pelo governo, que instalou uma briga selvagem entre os aliados por cargos”, afirmou. Ele acredita que Mendes Ribeiro Filho pode fazer um bom trabalho se escolher uma boa equipe, sem “se submeter a essa lógica de loteamento”.

O líder do PSB, Antônio Carlos Valadares (SE), viu a escolha como uma solução natural, de ordem política. Por isso, era esperado que a indicação fosse mesmo do PMDB.