Dilma reafirma que MST não será tratado como caso de polícia

Em entrevista coletiva, presidente eleita alerta que futuro governo não aceitará ilegalidade

A presidente eleita, Dilma Rousseff e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedem entrevista no Palácio do Planalto (Foto: Wilson Dias/ABr)

Brasília – A presidente eleita, Dilma Rousseff, disse nesta quarta-feria (3) que não tratará o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como “caso de polícia”, mas garantiu que não compactuará com invasões de prédio nem de áreas produtivas ou com qualquer ilegalidade. As declarações foram feitas no Palácio do Planalto, onde a presidente deu sua primeira entrevista coletiva após a vitória no segundo turno das votações do dia 31. Dilma comentou ainda sobre a formação do governo, salário mínimo, pré-sal e recursos para a saúde.

Ela reiterou, ainda, que reprova ações violentas como a praticada no sul do Pará, em 1996. “No meu governo, não vai haver outro Eldorado dos Carajás”, declarou, durante entrevista coletiva à imprensa, no Palácio do Planalto. A menção é ao massacre de 19 agricultores sem-terra foram mortos pela polícia do estado.

“O que precisamos é transformar o pequeno agricultor em proprietário, e que ele tenha melhorias dentro do campo e na educação”, argumentou Dilma ao defender a reforma agrária. Para que as ações na área tenham êxito, acrescentou a futura presidente da República, “o proprietário tem de ter renda e tem de perceber que melhorou de vida”.

Ministérios e CPMF

Dilma promete “exigir competência técnica” e o histórico dos futuros ocupantes de cargos públicos em sua gestão. “Faço absoluta questão de que os ministros tenham vinculo muito forte com o Brasil e com os principios do meu governo, da política que eu defendo”, explicou.

Questionada sobre um eventual retorno da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), extinta em 2007, a presidente eleita foi clara. “Não pretendo enviar ao Congresso a reedição da CPMF, mas nesse país vamos negociar com os governadores”, explicou. Para ela, a Saúde, um dos principais destinos dos recursos arrecadados pela contribuição, precisa de mais recursos.

A propósito da negociação, Dilma emendou um elogio a um dos principais expoentes da oposição, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). “Recebi uma ligação correta, republicana, do governador eleito de São Paulo, o Alckmin, que acenou com o que considero que deve ser a maneira correta de proceder. Vou negociar com todos os governadores e estar atenta às necessidades dos estados”, sinalizou.

Salário mínimo e pré-sal

A respeito do reajuste do salário mínimo para 2011, tema de reivindicações de centrais sindicais, Dilma afirma que pretende manter a fórmula atual. A política para o piso salarial nacional até 2023 leva em conta o crescimento da economia dos dois anos anteriores mais a inflação do ano corrente. O problema é que, em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) teve retração, o que implicaria em uma elevação equivalente à inflação, sem ampliação do poder de compra.

Ela diz considerar o atual critério como “muito bom”, mas que está em estudo uma compensação por causa do desempenho do ano pasasdo. “Mas quero dizer que, mantido o atual critério, por volta de 2014, teremos um salário mínimo acima de R$ 700”, comemorou

Dilma respondeu ainda sobre as reservas do pré-sal e a política para o petróleo.  “A questão do pré-sal está na pauta do Congresso. Tem um governo no exercício pleno da sua atividade e um Congresso idem. A partir do momento que se encerrar a atividade do governo e do Congresso o que restar será discutido em sequência”, analisou.

Sobre o que fazer com o óleo bruto extraído, a presidente eleita defendeu a adoção de uma política industrial para a área. “Não podemos ser exportadores de óleo bruto, porque senão vamos perder muito dinheiro”, alertou. “Temos que refinar nosso óleo e até chegarmos a entrar em outro plano, que é o da petroquímica. Aí os ganhos sobem a 1.000%”, calculou.

 Nesta quarta, após a entrevista, Dilma viajou a Porto Alegre (RS), onde deve permanecer até a próxima segunda-feira (8). Ela deve viajar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a África e a Coreia do Sul, onde ocorre reunião do G-20 (os 20 países mais industrializados do mundo, incluídos os emergentes).

Com informações da Agência Brasil

Leia também

Últimas notícias