Apesar de redução na Câmara, reeleição de ‘tropa-de-choque’ ruralista deve garantir influência

Ônix Lorenzoni (DEM-RS), da bancada ruralista, foi reeleito deputado federal (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado Rio de Janeiro – A reeleição dos deputados da “tropa-de-choque” ruralista deve evitar que a bancada […]

Ônix Lorenzoni (DEM-RS), da bancada ruralista, foi reeleito deputado federal (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Rio de Janeiro – A reeleição dos deputados da “tropa-de-choque” ruralista deve evitar que a bancada ligada ao agronegócio perca tanta influência na Câmara, apesar da redução de quase metade de cadeiras. De 117 eleitos em 2006, o número de parlamentares aliados a esse setor caiu para 66 no pleito deste ano.

Apesar da significativa redução verificada entre os deputados, os ruralistas conseguiram reeleger seus principais representantes. Foram garantidos pelas urnas nomes como Ronaldo Caiado (DEM-GO), Abelardo Lupion (DEM-SC), Luiz Carlos Heinze (PP-RS), Ônix Lorenzoni (DEM-RS), Darcísio Perondi (PMDB-RS), Paulo Bornhausen (DEM-SC) e Reinhold Stephanes (PMDB-PR), entre outros.

A presença dessas lideranças deve permitir aos ruralistas a continuidade de sua capacidade de movimentação na oposição e também no governo, mas as lideranças da bancada terão um poder de barganha reduzido a partir de fevereiro do ano que vem, quando ocorre a posse do novo Congresso.

Na atual legislatura, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) foi composta por 266 deputados, sendo que 117 atuaram de forma mais intensa em sintonia com os interesses ruralistas. Deste grupo, somente 60 deputados foram reeleitos, além de outros seis deputados em primeiro mandato.

Entre os deputados mais conhecidos da FPA que não conseguiram se reeleger, destaque para Raul Jungmann (PPS-PE) – candidato derrotado ao Senado –, Mendes Thame (PSDB-SP), Vadão Gomes (PP-SP) e Odílio Balbinotti (PMDB-PR).

“A rejeição de quase a metade dos atuais componentes da bancada ruralista pode estar indicando que há uma nova composição do eleitorado, mesmo do meio rural”, afirma Edélcio Vigna, assessor para Políticas de Reforma Agrária e Soberania Alimentar do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), em artigo publicado na agência Adital. “(Esse eleitorado) exige uma atuação parlamentar mais do que a simples postura de defesa dos interesses agropecuaristas”, avalia.

Segundo Vigna, o PMDB foi o partido que mais reelegeu deputados ruralistas nas últimas eleições, 15 no total, seguido por DEM(13), PP (10) e PSDB (9). O PPS reelegeu quatro, o PTB e o PR, três e o PDT, dois.

Em relação às unidades federativas, o Paraná manteve o maior número de ruralistas (11), seguido de Goiás e Minas Gerais, com sete cada um. Os estados onde a bancada ruralista teve as maiores baixas foram Bahia e Minas Gerais, onde não se reelegeram sete ruralistas, respectivamente. São Paulo elegeu três ruralistas, com uma inclusão polêmica: “Em São Paulo, o apoio de setores do agronegócio garantiu a reeleição de Aldo Rebelo (PCdoB-SP)”, alfineta o assessor do Inesc.

Rebelo foi relator da comissão especial na Câmara para rever o Código Florestal. Ele acatou mudanças defendidas pelo agronegócio e, por isso, foi duramente criticado por organizações e parlamentares ambientalistas.

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