PSDB recua no tom sobre agressão, mas move ação contra manifestantes

Legenda foge do embate com Lula, que acusou Serra de mentir sobre agressão

São Paulo – O candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB) e lideranças de seu partido baixaram o tom no caso da suposta agressão ao tucano no Rio de Janeiro, na quarta-feira (20). As críticas a Luiz Inácio Lula da Silva e a insistência em afirmar que houve dois objetos atirados contra Serra arrefeceram, mas a legenda de oposição entrou com uma ação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra duas pessoas que teriam participado do confronto entre militantes do PT e do PSDB. Ações contra Lula estão descartadas por ora.

“Não se trata de discutir mais de que matéria foi feito o objeto que atingiu a cabeça do candidato José Serra”, desviou Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), senador eleito por São Paulo. O partido apega-se à ideia de que a caminhada do tucano foi “brutalmente perturbada” e interrompida por “uma tropa de choque” que teria sido “organizada previamente” para deter Serra.

Na representação na PGR, são acusados o diretor do Sindicato dos Agentes de Combate a Endemias, José Ribamar de Lima, e Sandro Alex de Oliveira Cézar, conhecido como “Sandro mata-mosquito”. Eles serão representados pelos artigos 248, 331 e 332 do Código Eleitoral. Esses artigos impedem que se perturbe, inutilize ou altere meios lícitos de propaganda eleitoral e do exercício dela. O pedido é de abertura de inquérito pela Polícia Federal.

Nesta sexta-feira, líderes da coligação reuniram-se na sede da campanha tucana, entre eles o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), e senador Alvaro Dias (PR).

Sérgio Guerra foi questionado se pretendia tomar alguma atitude contra o presidente Lula. Na véspera, acusou Serra de mentir e de ter criado uma farsa durante o confronto entre militantes petistas e tucanos. Ele chegou a comparar o candidato ao goleiro chileno Rojas que, em 1989, simulou ter sido atingido por um foguete no Maracanã, em partida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Acionar Lula na Justiça é uma medida descartada por ora pela oposição.

Serra, em entrevista a jornalistas nesta sexta, em Porto Alegre, manteve o tom ameno. “Lula se comportou como militante”, limitou-se Serra. O tucano afirmou ainda que ao dar aval a casos como esse o presidente Lula acaba estimulando que os atos se repitam. Disse que essas agressões são resultado de uma concepção em que os adversários são inimigos e precisam ser destruídos com mentira e violência.