Para deputado, denúncia de Blat contra petista no caso Bancoop tem motivação eleitoral

Promotor apresentou denúncia minutos antes de depor na sessão da CPI na Assembleia Legislativa. José Carlos Blat recusou-se a depor sob juramento de dizer a verdade

Deputado acusa Blat de não ter apresentado provas que sustentam acusações contra petista (Foto: Maurício Morais)

São Paulo – Para o deputado estadual Vanderlei Siraque (PT-SP), a denúncia do promotor de Justiça de São Paulo José Carlos Blat contra seis pessoas ligadas à Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), a 12 dias da eleição do segundo turno, tem motivação política. O promotor anunciou, na tarde desta terça-feira (19), durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo, a apresentação de denúncia formal à Justiça. Para Pedro Dallari, advogado de defesa da Bancoop, a denúncia foi feita de maneira açodada e com motivação eleitoral.

“Foram cinco anos para apresentar a denúncia e ele faz isso na véspera das eleições e sem nenhum fato novo em relação àaquilo que ele vem dizendo há anos”, ataca Siraque, membro da CPI  que apura suposto desvio de recursos da cooperativa. “É uma instrumentalização política do MP. Ele (Blat) dá ênfase ao (João) Vaccari, que é tesoureiro do PT, e menos nos outros acusados”, analisa o deputado.

De acordo com Siraque, chamou atenção dos parlamentares o fato de Blat depor sem fazer juramento de dizer a verdade. Ele avalia que os deputados do PSDB defenderam esse formato, incomum na Casa Legislativa, a pedido de Blat. A novidade causou estranheza e foi levada à votação dos deputados da CPI, com vitória da proposta de abrir mão do juramento. “É importante (o juramento) porque, se alguém mentir durante o depoimento, pode responder por perjúrio”, explica Siraque.

O discurso demorado de Blat não apresentou nenhuma prova ou novidade ao processo, avalia Siraque. “Ele falou bastante, mas quando questionei ele não apresentou prova. Nós não recebemos cópia da denúncia”, afirmou o deputado. “Ele só apresenta notícias requentadas”, critica.

A denúncia de 81 páginas cita João Vaccari Neto, Ana Ernica, Tomás Edson Botelho Fraga, Letícia Antonio, Eli Rodrigues de Oliveira e Helena Conceição Pereira. Os envolvidos são acusados pelos crimes de tentativa de estelionato, formação de quadrilha ou bando, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Apesar de não haver citação sobre partidos, o promotor sustenta que os recursos desviados da cooperativa podem ter tido fins eleitorais.

Defesa

Para Pedro Dallari,  há nítida motivação político-eleitoral na denúncia, de usar a CPI e a denúncia contra o PT na reta final da campanha eleitoral. Ele afirma que a cooperativa não teve acesso à denúncia apresentada, embora Blat tenha entregue cópias do material em CD-rom para jornalistas presentes à sessão.

Diferentemente de outras sessões da comissão, instalada em março deste ano, houve ampla presença de equipes de reportagem. “O inquérito se arrasta desde 2005, e os diretores da Bancoop jamais foram ouvidos”, lembra Dallari. Os diretores da Bancoop acusavam Blat de usar os indícios de irregularidades para alimentar reportagens na imprensa sem formalizar a denúncia. Apenas agora é que isso foi feito.

A CPI da Bancoop tem até o final do mês para analisar relatório do deputado Bruno Covas (PSDB-SP) e decidir pelo arquivamento ou encaminhamento dos depoimentos ao Ministério Público.

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