Presidente do PT pede a militantes ‘cabeça fria’ e ‘coração quente’ na reta final

Preocupado com o acirramento de ânimos e com o que considera a 'criação de factóides' na reta final, Dutra prega cautela

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra (Foto: Divulgação/Petrobrás)

Rio de Janeiro – O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, criticou na noite de terça-feira (21) posições assumidas recentemente pelo candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra. Prevendo uma reta final de campanha com ânimos exaltados, ele pediu ainda tranquilidade aos militantes para a reta final da disputa. Dutra participou no Rio de Janeiro de um ato de apoio à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, promovido por ativistas ligados à cultura.

“Neste período, nós precisaremos ter muita cabeça fria e muito coração quente”, disse. “Nós temos visto já algumas manifestações do que nos espera nesses próximos doze dias: todo o tipo de manipulação, todo o tipo de criação de factóides, todo o tipo de calúnia”, prefetizou.

Como exemplo, o presidente do PT citou a mensagem postada no Twitter pela coordenadora da campanha de Serra na internet, Soninha Francine. A ex-vereadora de São Paulo pelo PPS insinuou que poderia ter ocorrido “sabotagem” no metrô na terça-feira (21), quando a rede de transporte público da capital paulista passou por panes que desativaram uma das linhas da cidade.

Sob os gritos de “Fora, Globo!” vindos da platéia, Dutra criticou setores da imprensa. “Alguns setores tentam acusar a nós de autoritários, de sermos contra a liberdade de imprensa e de invocarmos a censura, quando o que está em discussão não é isso”, discordou. “O que está em discussão é qual o papel que alguns setores de nossa mídia estão desempenhando nesse processo”, analisou.

Segundo Dutra, setores da imprensa assumiram “o papel de líderes da oposição”, acusando articulação entre os veículos. “A manchete sai de manhã e, de noite, já aparece no programa de televisão do candidato da oposição. Mas, nós temos a absoluta convicção que nosso povo já está calejado para esse tipo de manipulação”, desdenhou.

Críticas a Serra

O presidente do PT também fez críticas ao candidato da oposição José Serra. O alvo foram as promessas de campanha relacionadas ao salário-mínimo e ao Bolsa Família. O tucano afirmou, nesta quarta-feira (22) que se tratam de compromissos e não de ações eleitoreiras.

“O candidato da oposição fala que vai aumentar o salário mínimo para R$ 600,00 quando, no governo do qual ele participou, nunca houve uma política de recuperação do salário-mínimo”, lembrou. “Ele, que passou sete anos e meio chamando o Bolsa Família de bolsa-esmola, agora está prometendo o 13º do Bolsa Família. Faltando doze dias para as eleições e em situação de desvantagem nas pesquisas, qualquer promessa ele terá a possibilidade de fazer”, disse.

Ato sem Dilma

Como Dilma cancelou sua participação no dia do evento, o ato da cultura em apoio à candidata petista no Rio de Janeiro não foi tão cheio como se imaginava inicialmente, mas ainda assim contou com a presença de cerca de 200 pessoas. Petista de primeira hora, o músico Wagner Tiso também criticou a postura de parte da grande mídia em relação à candidatura de Dilma. “A imprensa tem tentado derrubar, é claro. Estão querendo um segundo turno, mas a mulher não cai um ponto, não cai nem meio ponto”, disse.

Como exemplo da postura da mídia, Tiso lembrou que, logo no começo da campanha eleitoral, os principais jornais do país publicaram matérias afirmando que um encontro de Dilma com artistas que ele organizara em sua casa havia fracassado porque só compareceram trinta pessoas. “Mas eu só tinha convidado trinta pessoas, uai!”, protestou o músico, para gargalhadas da plateia.

Globais

O tucano José Serra também se reuniu com representantes da classe artística na terça-feira (21) durante ato organizado em São Paulo. Em um encontro que contou com as presenças de atores globais como Juca de Oliveira e Glória Menezes, entre outros, e mensagens de apoio enviadas por Maitê Proença e Beatriz Segall, o candidato prometeu que, se eleito, vai triplicar as verbas governamentais destinas à cultura.

Serra também se comprometeu a barrar o projeto de lei elaborado pelo Ministério da Cultura que prevê mudanças na distribuição de direitos autorais: “O governo quer criar mais uma estatal que vai virar cabide de emprego, e o dinheiro de artistas e autores vai para cupinchas”, disse o candidato do PSDB, que também prometeu distribuir cem milhões de livros de literatura brasileira para os estudantes de todo o país.

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