Briga pelo Senado é por apoio de Lula e Dilma no RJ

Lindberg aposta tudo no apoio de Lula; Crivella usa gravação e jingle-chiclete para incluir Dilma (Foto: Divulgação) Rio de Janeiro – Na embolada briga pelo Senado no Rio de Janeiro, […]

Lindberg aposta tudo no apoio de Lula; Crivella usa gravação e jingle-chiclete para incluir Dilma (Foto: Divulgação)

Rio de Janeiro – Na embolada briga pelo Senado no Rio de Janeiro, os candidatos que, segundo as pesquisas de opinião, ainda podem sonhar com uma das duas vagas em disputa adotaram posturas diferentes durante a propaganda eleitoral desta semana na TV. De um lado, Cesar Maia (DEM) repetiu a nova estratégia da campanha presidencial do aliado José Serra (PSDB) e partiu para o enfrentamento com o governo Lula e o PT. De outro, os candidatos Lindberg Farias (PT), Jorge Picciani (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB) disputam para ver quem consegue associar melhor sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.

Impedido na semana passada pela Justiça Eleitoral de continuar exibindo na tevê uma mensagem de apoio à sua candidatura gravada por Lula, Marcelo Crivella – que oficialmente não está na coligação que apoia a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB) – passou a usar uma gravação com Dilma. “O futuro governo deve contar com um Senado que tenha compromisso com nosso país e nosso povo”, diz a candidata petista.

Após afirmar que a ONG Transparência Brasil o “elegeu o melhor senador do Rio e o terceiro melhor do país”, Crivella promete ao eleitor, que “agora, mais experiente, pode fazer muito mais”. Para compensar a ausência de Lula, o candidato do PRB ao Senado apresentou um novo jingle que gruda como chiclete: “Dilma falou, Lula falou e tá falado, é Crivella pro Senado!”.

Candidato que mais cresceu nas últimas pesquisas, o petista Lindberg Farias usa o quanto pode o apoio de Lula. “Conheço Lula há muito tempo”, afirma o candidato, enquanto a imagem mostra uma foto dos dois durante o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Em seguida, Lula fala: “Lindberg coloca garra e paixão em tudo o que faz. Dê um de seus votos para senador para Lindberg”. Dilma, afirmando que “precisamos renovar o Senado”, também aparece pedindo votos para Lindberg, assim como Cabral e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).

Prefeito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por seis anos, Lindberg citou a parceria com o governo Lula que o permitiu “criar uma universidade pública federal” na cidade, além de “um curso pré-vestibular gratuito em pareceria com a UFRJ”. Ele afirmou que vai priorizar a educação e “ser o senador do Pro-Uni e do ensino profissionalizante”. O candidato petista também apresentou números de sua gestão em Nova Iguaçu: “Lindberg fez 420 quilômetros de asfalto e redes de esgoto, asfaltou 1.435 ruas, beneficiando 300 mil pessoas”, diz o locutor, sobre imagens das obras.

Sem-Lula

Sem contar com o apoio de Lula nem de Dilma, o peemedebista Jorge Picciani, que é presidente da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) há oito anos, tentou mostrar na TV sua importância na máquina de governo, com declarações de apoio de diversos prefeitos do interior. Eduardo Paes também declara seu apoio: “O Rio precisa de um lutador na defesa dos royalties, da reforma tributária e em outras tantas coisas que exigem a força que Picciani tem”, diz. Outro que declara apoio é o senador Francisco Dornelles (PP). “Nós precisamos de um senador municipalista, precisamos do Picciani no Senado”, diz.

Na ânsia de mostrar quem o apoia, Picciani exibiu, nesta sexta-feira (3), imagens de uma atividade de rua ao lado do prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito, que é do PSDB e apóia Serra para presidente. “Meu candidato a senador é o Picciani”, afirma Zito, que se recusa a fazer campanha para Fernando Gabeira (PV), candidato ao governo apoiado pelos tucanos. Outro que declara seu apoio é Cabral: “Um fato fantástico na gestão do Picciani na presidência da Alerj foram os R$ 20 milhões que ele deu para municípios que passavam por enormes dificuldades. Picciani é o meu candidato do coração ao Senado”, diz o governador.

Cesar à direita

Candidato de oposição aos governos estadual e federal mais bem colocado nas pesquisas, o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) prometeu ir à Brasília como senador para “defender os royalties do petróleo, reduzir impostos e combater as drogas”. Em seu discurso, Cesar embarcou na onda direitista da campanha Serra: “Como senador, vou exigir que o governo federal controle as nossas fronteiras. A cocaína consumida no Brasil vem da Bolívia, e a gente sabe a violência que a droga traz. O embaixador do Brasil na Bolívia poderia nos ajudar a fazer, junto com o governo boliviano, o policiamento e o controle das fronteiras lá. É melhor que o tiroteio seja na fronteira lá com a Bolívia do que aqui no quintal de nossa casa”, disse.

Milton Temer, candidato ao Senado pelo PSOL, exibiu uma mensagem de apoio gravada pela ex-senadora Heloísa Helena (PSOL). Temer defendeu pontos como a reforma política, o financiamento público de campanhas e a taxação das grandes fortunas. O ex-deputado também defendeu pontos do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), como o controle democrático dos meios de comunicação pública e o tratamento jurídico justo para a ocupação de latifúndios por sem-terra. “Isso era o que constava no Plano Nacional de Direitos Humanos apresentado pelo governo Lula. Quem vetou e votou contra foram os aliados que o PT resolveu privilegiar. Comigo no Senado, a luta seria diferente”, afirmou Temer.

Digna de menção na disputa pelo Senado é a campanha de Marcelo Cerqueira (PPS). Não fossem por outros motivos, seria pelo fato de ter sido a única até aqui no Rio de Janeiro a exibir uma mensagem de apoio gravada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Tenho certeza que o Marcelo Cerqueira vai ser um grande defensor do Rio de Janeiro no Senado Federal”, afirma FHC.

Outro ex-presidente convocado por Cerqueira foi Itamar Franco, que também concorre ao Senado pelo PPS em Minas Gerais: “Marcelo é um grande advogado, meu companheiro no Congresso Nacional, defensor dos direitos públicos, ético, intransigente na moralidade e um homem que vê o Brasil além. Não tem candidato melhor ao Senado no Rio de Janeiro do que Marcelo Cerqueira”, garante Itamar.