Internautas levantam contradições em campanha tucana

Polêmica dos pedágios em SP e desmentidos públicos elevam a participação popular via web nas eleições

São Paulo – Um novo episódio envolvendo o valor dos pedágios no estado de São Paulo agita os bastidores políticos do Estado. Na última quinta (8), a direção da TV Cultura demitiu seu recém empossado diretor de jornalismo, Gabriel Prioli. O motivo seria uma matéria, pautada por Priolli, sobre o valor cobrado para o deslocamento dos veículos nas estradas paulistas – um tema particularmente sensível aos coordenadores das campanhas de Geraldo Alckmin e José Serra, principalmente deste último.

O presidente da Fundação Padre Anchieta – mantenedora da emissora – desmentiu que tenha havido motivações políticas para a demissão de Priolli e limitou-se a dizer que a contratação dele tinha sido um equívoco e que, apenas uma semana depois de assumir o cargo, Priolli não tinha o perfil adequado para a função.

A versão dada por Sayad não convenceu a blogosfera, que desde o comunicado da demissão do diretor de jornalismo aponta a ingerência do ex-governador Serra como a principal razão para a rescisão contratual de Priolli.

Questiona-se, por exemplo, por que Sayad não explica como só foi possível detectar a incapacidade de um dos profissionais mais respeitados pelo meio jornalístico do país uma semana depois de promovido, apesar de Priolli ser funcionário da TV Cultura por mais de 10 anos – ocupava o posto de diretor de expansão da rede.

Luis Nassif, por exemplo, lembra que a demissão de Priolli ocorreu um dia depois de a direção da emissora “derrubar” a matéria sobre a cobrança de pedágios, alegando que faltava ouvir todos os candidatos ao governo paulista – e não apenas Alckmin e Mercandante (PT), como iria ao ar.

No entanto, lembra, o mesmo Nassif, essa esse cuidado da emissora não é praticado no principal programa da emissora, o Roda Viva, onde só José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva (PV) tiveram vez. O candidato do PSOL. Plinio de Arruda Sampaio, tenta pressionar a emissora para também ser entrevistado no programa.

PT no MP

O PT anunciou que vai entrar com representação no Ministério Público Eleitoral de São Paulo para que as razões da demissão sejam investigadas. O partido quer saber se houve ou não ‘aparelhamento partidário’ dentro da emissora pública de televisão.

O senador e candidato petista ao governo paulista, Aloizio Mercadante, disse ao jornal o Estado de S. Paulo acar estranhar as circunstâncias do afastamento de Prioli da direção de jornalismo da Cultura. “A população inteira está discutindo a questão dos pedágios, todos os veículos de comunicação estão falando deste assunto. Tirar da função o diretor por estar pautando um tema absolutamente legítimo é inaceitável. A reportagem da TV Cultura não era unilateral, não havia nenhum posicionamento.”

Segundo o diretório estadual do PT, o pedido de investigação deve chegar nesta segunda-feira (12) ao MPE.

‘É tudo mentira’

Ao mesmo tempo em que se criava a polêmica sobre os bastidores da comunicação das campanhas tucanas, o PSDB viu circular pela internet um comunicado assinado pelos dirigentes de cinco centrais sindicais, desmentido algumas das principais afirmações feitas por José Serra em seus discursos e entrevistas.

O tucano tem dito em voz alta que foi o criador do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e que foi o responsável por efetivar a criação do seguro-desemprego. Mas o manifesto diz claramente que Serra não participou de nenhum dos dois.

“O seguro-desemprego foi criado pelo decreto presidencial nº 2.284, de 10 de março de 1986, assinado pelo então presidente José Sarney. Sua regulamentação ocorreu em 30 de abril daquele ano, através do decreto nº 92.608, passando a ser concedido imediatamente aos trabalhadores.”
Detalhe: nesta época, Serra era secretário de Planejamento do governador Franco Montoro, então pelo PMDB).

Sobre o FAT, as centrais explicam que ele foi criado pelo Projeto de Lei nº 991, de 1988, de autoria do deputado Jorge Uequed (PMDB-RS). Um ano depois, Serra apresentou um projeto sobre o FAT (nº 2.250/1989), que foi considerado prejudicado pelo plenário da Câmara dos Deputados, na sessão de 13 de dezembro de 1989, uma vez que o projeto de Jorge Uequed já havia sido aprovado.”
O documento vai além, afirmando que Serra votou contra uma série de artigos favoráveis aos trabalhadores, quando participou da Assembléia Nacional Constituinte, entre 1987 e 1988, razão pela qual mereceu nota 3,75 do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, de assessoria dos trabalhadores).

Entre os itens que Serra tentou barrar na Constituição, estão a garantia de aumento real do salário mínimo, o abono de férias de 1/3 do salário, a garantia de 30 dias de aviso prévio, a licença-paternidade etc.

O manifesto é assinado pelos presidentes da CUT, CTB, CGTB, Força Sindical e Nova Central e circula com intensidade pela web, desde sua publicação, no sábado (10).

Até o início da tarde desta segunda-feira (12), o PSDB ainda não havia se manifestado sobre o documento.

 

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