No adeus ao governo, Dilma prefere o ‘até breve’

Ministra deixa gestão com outros nove colegas para concorrer às eleições de outubro; para Lula, Dilma será mais que chefe da Casa Civil

Dilma Rousseff deixa o cargo para concorrer a Presidência da República pelo PT (Foto: Ricardo Stuckert/Pr)

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixou oficialmente o governo federal nesta quarta-feira (31), fim do prazo para que os candidatos às eleições de outubro façam a chama “desincompatibilização”, evitando o tom de despedida. 

“Não somos aqueles que estão dizendo adeus. Somos aqueles que estão dizendo até breve”, disse a pré-candidata do PT à Presidência da República. O discurso de saída consagrou a mudança de tom da ministra, até então acostumada a falas repletas de números por ser uma espécie de gestora dos projetos federais. 

A agora ex-chefe da Casa Civil usou um tom mais emotivo para citar as conquistas da gestão Lula e atacar os “viúvos do Brasil que cresceu pouco” por, na opinião dela, ignorarem que o país mudou, tendo o povo como protagonista.  “Sinto uma alegria melancólica porque estamos saindo do governo que mais fez pelo povo desse país. Sentimos uma estranha alegria triste, mas a alma está cheia de otimismo e fé”, afirmou.

Lula, lamentando a saída da ministra por seu perfil habilidoso na articulação e na fiscalização de ações do governo, apontou que a pré-candidata deixa o cargo por um bom motivo. “Sua saída é um prejuízo para o país, mas a perspectiva é que você seja mais que a chefe da Casa Civil. A esperança é a motivação de sua saída”, destacou.

Como tem feito nas últimas semanas, Dilma Rousseff lembrou seu passado de luta contra a ditadura militar, afirmando que estar no atual governo significou a oportunidade de realização de um sonho para ela e para os que sobreviveram à repressão. Além disso, ela pontuou que as eleições não serão dificuldade para quem enfrentou o regime. “O governo do senhor [Lula] é importante porque significou o ápice, a vitória daqueles que lutaram muito e conseguiram vencer. Nós vencemos a miséria, a pobreza, a subvenção, a estagnação, o pessimismo e o conformismo”, disse.

Troca de ministros

Dilma Rousseff é a integrante do governo que sai para a mais importante disputa eleitoral, mas não é a única. A cerimônia no Palácio Itamaraty marcou a posse de novos dez ministros que substituem aqueles que vão concorrer a cargos no Executivo ou no Legislativo.

A decisão de Lula foi de fazer uma substituição por perfil técnico, priorizando quadros internos dos ministérios. Na Casa Civil, por exemplo, assume a secretária-executiva Erenice Guerra. 

O presidente fez um agradecimento a cada um dos ministros e afirmou que aqueles que deixam o governo em busca de vitória nas eleições estão procurando “sarna para se coçar”, fazendo uma especial menção aos que vão concorrer ao Legislativo. “Dizem que é uma coisa maravilhosa, porque, no céu, a gente tem que morrer para ir e, para o Senado, a gente vai vivo. Tem um monte de companheiros retornado ao paraíso, e nós vamos ficando aqui com a carga, porque vamos trabalhar por eles”, brincou.

O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Wagner Rossi, toma posse na Agricultura no lugar de Reinhold Stephanes, que concorrerá a uma vaga na Câmara dos Deputados. Já os pré-candidatos ao governo de Minas Gerais Patrus Ananias (PT) e Hélio Costa (PMDB) serão substituídos por Márcia Lopes, no Desenvolvimento Social, e José Artur, nas Comunicações, respectivamente. Também candidatos aos governos do Amazonas e da Bahia, os ministros dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), e da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), deixarão em seus lugares os secretários executivos Paulo Passos e João Santana, respectivamente.

Os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), e da Previdência, José Pimentel (PT), serão substituídos pelos secretários executivos Márcio Zimmermann e Carlos Gabas para disputar o mandato de senador. Carlos Minc (PT) sai do Ministério do Meio Ambiente para tentar uma vaga de deputado estadual pelo Rio. Assume a secretária executiva Izabella Teixeira. O secretário adjunto da Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Igualdade Racial, Elói Ferreira, substitui Edson Santos (PT-RJ), que vai concorrer como deputado federal.