Eleições tiram 10 ministros e 11 governadores dos cargos até a próxima semana

Nos estados, doze titulares do Executivo tentam a reeleição. Apenas dois goveradores no cargo não participam do pleito

De saída: Dilma e outros ministros vão disputar eleições. São 24 governadores engajados em suas próprias campanhas (Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

Às vésperas do prazo para que titulares de cargos eletivos e do Executivo se desincompatibilizem para disputar as eleições, uma enxurrada de pelo menos 10 ministros e 11 governadores deixam seus postos, rumo a outros cargos. Apenas dois titulares de executivos estaduais se abstém de concorrer e doze governadores vão à reeleição.

Dois dos nomes com mais chances na corrida presidencial são parte da movimentação, enquanto outras figuras preparam-se para disputar uma vaga no Congresso Nacional. O prazo final é 3 de abril, seis meses antes da data do primeiro turno – 3 de outubro. Ministros de Estado, secretários dos três poderes, precisam se desincompatibilizar. No caso de prefeitos e governadores, eles só ficam dispensados se disputarem a reeleição. Membros do Legislativo e vice-prefeitos e vice-governadores não precisam cumprir o rito.

Foto: Wellington Pedro/Imprensa MG

José Serra (PSDB) deixa o cargo de governador de São Paulo nesta terça-feira (31), com uma cerimônia e discurso de balanço da gestão. Antes, organizou inaugurações e vistorias de obras. Em seu lugar, entra Alberto Goldmann (PSDB) que não deve, porém, disputar a reeleição neste ano, já que o secretário de Desenvolvimento paulista, Geraldo Alckmin, tem prioridade dentro do PSDB para a vaga.

A principal adversária do tucano, Dilma Rousseff (PT), ministra-chefe da Casa Civil também deve sair do posto. Em seu lugar, assume Erenice Guerra, secretária-executiva e funcionária da confiança de Dilma. Miriam Belchior, assessora da Presidência, ganha atribuições relacionadas aos Programas de Aceleração do Crescimento (PAC) 1 e 2, enquanto questões ligadas ao funcionalismo vão a Paulo Bernardo, ministro do Planejamento.

Dilma não deve mais acompanhar o presidente Lula à todas às inaugurações e viagens pelo país, como vinha fazendo até agora. Mas não está descartada a participação em eventos pontuais – e estratégicos.

A senadora Marina Silva (PV-AC) e o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) podem permanecer nos cargos até o fim da campanha. Ambos são pré-candidatos à Presidência.

Ministros

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Além da chefe da Casa Civil, outros nove ou dez ministros planejam concorrer. Assim como no caso de Dilma, eles devem ser sucedidos por secretários executivos ou assessores, o que daria um perfil mais técnico e menos político às substituições, que devem vigorar pelos nove meses restantes ao mandato de Lula.

Tarso Genro (PT-RS) foi o primeiro a deixar o governo federal, em fevereiro. Ele disputa o governo gaúcho, atualmente nas mãos de Yeda Crusius (PSDB). Desde 2002, após 12 anos de gestão petista, a legenda não tem bons resultados na disputa pelo Palácio Piratini.

Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

Hélio Costa (PMDB-MG), das Comunicações, decide-se entre o governo de Minas Gerais ou tentar se reeleger senador – cargo do qual está licenciado. Sua definição passa ainda pela de Patrus Ananias (PT-MG), do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O presidente Lula pressiona o PT mineiro para disputar o Executivo com o PMDB, levando ao pleito o nome mais bem cotado em pesquisas.

Edison Lobão (PMDB-MA) também busca o Senado, enquanto Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), da Integração Nacional, almeja o governo da Bahia. Henrique Meirelles (PMDB-GO), presidente do Banco Central com status de ministro, também abandona o posto, cotado para ser vice na chapa de Dilma.

Em busca da Câmara dos Deputados, saem José Pimentel (PT-CE), da Previdência Social, Reinhold Stephanes (PMDB-PR), da Agricultura, e Edson Santos (PT-RJ), da Igualdade Racial. Do Meio Ambiente, Carlos Minc (PT-RJ) vai para a assembleia legislativa fluminense.

Governadores

Entre os governadores, Luiz Henrique (PMDB), no segundo mandato como governador de Santa Catarina, puxou a fila dos afastamentos do cargo. Ele deixou seu vice, Leonel Pavan (PSDB) no cargo para tentar uma das vagas ao Senado.

Outro governador que almeja o Senado é Aécio Neves (PSDB-MG). Ele se afasta do cargo no mesmo dia que Serra o faz, esta terça-feira. Antônio Anastasia, o vice, é o nome apoiado pelo tucano para disputar o Executivo mineiro, contra os ministros demissionários Hélio Costa ou Patrus Ananias.

No mesmo caminho do Senado vão Roberto Requião (PMDB-PR), Blairo Maggi (PR-MT), Wilma Faria (PSB-RN), Eduardo Braga (PMDB-AM), Alcides Rodrigues (PP-GO), Ivo Cassol (PPS-RO), Welligton Dias (PT-PI) e Waldez Goés (PDT-AP).

À reeleição, concorrem Yeda Crusius (PSDB-RS), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) André Puccinelli (PMDB-MS), Marcelo Déda (PT-SE), Teotônio Vilela (PSDB-AL), Eduardo Campos (PSB-PE), Cid Gomes (PSB-CE), Ana Júlia Carepa (PT-PA), José Anchieta Filho (PSDB-RR), José Maranhão (PMDB-PB).

Quem poderia concorrer a um novo período, mas optou por ficar de fora da eleição de 2010 foi Binho Marques (PT-AC). Ele cedeu espaço ao senador Tião Viana (PT). Paulo Hartung (PMDB-ES), ao completar seu segundo mandato, também se ausenta do pleito.

Cassados

Quatro governadores eleitos em 2006 foram cassados. Os nomes conduzidos aos cargos tentam a reeleição em todos, com exceção do Distrito Federal. É o caso de Carlos Henrique Gaguim (PMDB-TO), presidente da Assembleia Legislativa do estado que assumiu o cargo em setembro de 2009, depois que o governador eleito Marcelo Miranda (PMDB) e seu vice Paulo Sidnei Antunes (PPS) foram cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Situação um pouco diferente ocorre na Paraíba e no Maranhão. José Maranhão (PMDB-PB) que sucedeu Cássio Cunha Lima (PSDB) e Lacerda Neto (DEM), cujos mandatos também foram retirado pelo TSE, por compra de votos. Maranhão foi o segundo colocado em 2006, mas agora disputa a reeleição.

Roseane Sarney (PMDB-MA) ficou com o cargo de Jackson Lago (PDT-MA), que também perdeu o mandato. Eleito pela coligação “Frente de Libertação do Maranhão”, ele terminou cassado pelo TSE por abuso de poder político.

No caso do DF, José Roberto Arruda (ex-DEM, sem partido) foi afastado do cargo depois de ter sido preso na Superintendência da Polícia Federal. Ainda há indefinição sobre quem ocupa o cargo até o fim do ano.

 Com informações da Agência Brasil