Para comentarista da Globo, Ditadura Militar ensinou verdadeira democracia

Ao analisar os 30 anos da Novembrada, protestos em Florianópolis de 1979, Luiz Carlos Prates, da RBS de Santa Catarina, afirma que Figueiredo ensinou o caminho da 'verdadeira e legítima democracia'

Prates, comentarista do Jornal do Almoço, afirma que Novembrada foi protesto de perdedores (Foto: Reprodução)

O comentarista Luiz Carlos Prates, da retransmissora da Rede Globo de Santa Catarina, RBS, defendeu a Ditadura Militar em comentário durante o Jornal do Almoço de segunda-feira (30). Ele analisava os 30 anos da Novembrada, manifestação popular realizada em Florianópolis em 30 de novembro de 1979, diante de uma visita do então presidente João Batista Figueiredo.

Prates negou que tenha ocorrido censura e repressão no período dos militares. Criticou o regime democrático porque desde o fim da ditadura “o Brasil andou para trás” e dedicou seu comentário a Figueiredo que “nos ensinou o caminho da verdadeira luta e da verdadeira e legítima democracia”.

“O Brasil nunca cresceu tanto quanto sob a chamada Ditadura Militar”, começou, Prates. “Estradas rasgaram o Brasil, universidades foram multiplicadas. Ciência e tecnologia começaram para valer no país sob a tutela dos militares. João Figueiredo, o general, o duro, grosso, morreu pobre. Muito pobre. Tendo de ser ajudado por amigos”, declarou.

Ele criticou os estudantes que participaram das manifestações contra a ditadura e em defesa da liberdade e da democracia. “Liberdade eu tinha como jovem, de andar pelas madrugadas de Porto Alegre, Rio, São Paulo, Belo Horizonte, como jornalista, com um radinho de pilha no ouvido. Não era molestado por quem quer que seja. Eu tinha segurança de cidadão brasileiro. Hoje, saia a noite. Não tem mais segurança”, prosseguiu.

“E desde quando, ao tempo dos militares, fomos impedidos de estudar, de entrar nas livrarias e comprar um livro, de escolher onde trabalhar, de ter o direito de ir e vir. Eu não fui”, orgulhou-se.

“A imoralidade tomou conta de todos nós. E se Rui Barbosa estivesse vivo, haveria de dizer que, verdadeiramente, estamos cansados, constrangidos de ter vergonha. Que Brasil é esse que melhorou?”, concluiu.

Assista:

 

 

Leia a íntegra:

“A Novembrada foi uma reação de perdedores, de fracassados. O Brasil nunca cresceu tanto quanto sob a chamada Ditadura Militar. Estradas rasgaram o Brasil, universidades foram multiplicadas. Ciência e tecnologia começaram para valer no país sob a tutela dos militares. João Figueiredo, o general, o duro, grosso, morreu pobre. Muito pobre. Tendo de ser ajudado por amigos. Diferente de outros que estão e que vão sair do governo sem saber o que é miséria. Pelo menos não depois de passar pelo governo.

‘Ah, lutávamos pela liberdade’ (dizem os envolvidos). Liberdade eu tinha como jovem, de andar pelas madrugadas de Porto Alegre, Rio, São Paulo, Belo Horizonte, como jornalista, com um radinho de pilha no ouvido. Não era molestado por quem quer que seja. Eu tinha segurança de cidadão brasileiro. Hoje, saia a noite. Não tem mais segurança. Que tipo de progresso veio com a chamada democracia.

E desde quando, ao tempo dos militares, nós fomos impedidos de estudar, de entrar nas livrarias e comprar um livro, de escolher onde trabalhar, de ter o direito de ir e vir. Eu não fui e era jornalista e trabalhava na linha de frente dos veículos em Porto Alegre. Quer dizer, de lá para cá, o Brasil andou para trás. A imoralidade tomou conta de todos nós. E se Rui Barbosa estivesse vivo, haveria de dizer que, verdadeiramente, estamos cansados, constrangidos de ter vergonha. Que Brasil é esse que melhorou? General Figueiredo, que Deus o tenha, a ti, que morreste pobre, e nos ensinou o caminho da verdadeira luta e da verdadeira e legítima democracia.

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