Retrospectiva

‘Restauração conservadora’ marcou o avanço da direita nas Américas em 2017

Junto à ascensão de políticos conservadores, aumentaram também o desemprego e a desigualdade social no continente, em meio a reformas econômicas que privilegiam os mais ricos

Facebook/Sebastían Piñera

Retorno do empresário milionário Sebastían Piñera, no Chile, foi um dos marcos do avanço da direita na América

São Paulo – Como no mundo todo, o continente americano também foi marcado pelo avanço da direita neoliberal em 2017. A eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, deu novo ânimo a projetos neoliberais pelo continente, naquilo que o cientista político e sociólogo Emir Sader classifica como “restauração conservadora”. 

Após mais de uma década de governos progressistas em quase todo o continente, as forças políticas de direita se consolidam na Argentina do presidente Maurício Macri e, mais recentemente, com a volta ao poder do também empresário milionário Sebastián Piñera, no Chile. 

Em comentário na Rádio Brasil Atual nesta quinta-feira (28), Sader destaca a ruptura da aliança de esquerda que elegeu Lenín Moreno no Equador. Depois de eleito, o novo presidente se afastou do antecessor, Rafael Correia, se voltando para uma política econômica ligada aos interesses dos grandes grupos empresariais. 

Como parte dessa agenda conservadora, o sociólogo ressalta que a agenda anticorrupção, levada a cabo pela imprensa monopolizada de cada país, também marcou a política na América Latina. A tônica dos veículos de imprensa conservadores é tentar vender que é a corrupção, e não a desigualdade social, o principal problema da região. 

Envolvimento em escândalos com a Odebrecht atingiram figuras políticas do Equador ao México, passando pelo Peru, que teve dois ex-presidentes presos e o atual, Pedro Pablo Kuczynski, teve que superar um pedido de abertura de processo de impeachment, e deve enfrentar ainda outro. 

Tudo isso em meio a baixos índices de crescimento econômico e elevado desemprego, com os níveis de pobreza e de pobreza extrema aumentando em 2015 e 2016, chegando a 30,7% da população, segundo relatório da divulgado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). 

Ouça o comentário da Rádio Brasil Atual

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