PIB da União Europeia cai há um ano e meio. França entra em recessão

É a segunda vez seguida que o PIB francês apresenta queda de 0,2%; governo ainda espera crescimento neste ano

Julien Warnand/EFE

José Manuel Durão Barroso, presidente da CE, comentou resultado do PIB na sede da entidade, em Bruxelas

Bruxelas – O presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Durão Barroso, se mostrou “decepcionado” pela falta de crescimento na União Europeia (UE), após saber que a zona do euro está há um ano e meio em recessão, e pediu aos países em dificuldades que continuem aplicando reformas. Os números publicados hoje (15) pelo escritório estatístico comunitário, Eurostat, mostram que o Produto Interno Bruto da eurozona manteve sua tendência de baixa no primeiro trimestre do ano com uma queda de 0,2%, ponderada pela contração da Itália, Espanha e França. A França entrou em recessão após retração de 0,2% no segundo trimestre seguido, de outubro a março.

“Claro que estamos decepcionados porque os resultados econômicos estão abaixo de nossas expectativas”, afirmou o político português, em entrevista coletiva conjunta com o presidente da França, François Hollande, após o encontro entre ambos em Bruxelas.

Barroso defendeu a validade da estratégia de consolidação fiscal e de reformas impulsionadas desde Bruxelas e rejeitou a “simplificação” que representa contrapor a austeridade e o crescimento. “A estratégia que propomos na Europa passa pelo saneamento orçamentário, mas é muito mais do que isso: é também um conjunto de reformas para recuperar a competitividade e investimentos específicos”, afirmou.

Segundo Barroso, a União Europeia está fazendo um grande progresso em termos de consolidação fiscal. “Onde não estamos fazendo progressos é no emprego e no crescimento, e aí estamos realmente decepcionados.”

O presidente da CE afirmou que os países que “estão sob uma grande pressão dos mercados devem continuar com os esforços reformistas”, embora tenha recalcado a importância de calibrar o “ritmo” dos ajustes. “Visto a deterioração econômica, se os países fazem os esforços (de redução do déficit), podemos prolongar o prazo para cumprir certos objetivos orçamentários”, confirmou.

Este é o caso da Espanha e França, que receberam dois anos adicionais para levar seu déficit abaixo do teto de 3% marcado na legislação europeia.

Além disso, Barroso reconheceu que o Pacto pelo Crescimento aprovado pelos líderes europeus no mês de junho tem certos “problemas de execução” e considerou que “é preciso fazer mais e mais rápido” para resolver problemas como o desemprego, especialmente o juvenil, a “principal preocupação” da Comissão Europeia.

Nesse sentido, o executivo lembrou a proposta de destinar 6 bilhões de euros para combater o desemprego juvenil nos países mais afetados, mas lamentou que depende da aprovação do marco financeiro plurianual 2014-2020 para a UE, que ainda é negociada em Bruxelas.

Barroso disse que a CE “se pergunta” como poderia adiantar o desembolso deste montante. “Está sendo imposto um ritmo mais acelerado nas reformas estruturais e nas medidas de investimento que são necessárias”, dado que “passa um tempo até que os benefícios são evidentes”, indicou.

Desemprego na Espanha

A União Europeia anunciou hoje que exigirá que o governo espanhol realize uma reforma trabalhista no país para legalizar as demissões injustificadas. O objetivo seria reduzir os custos das indenizações aos funcionários demitidos. A medida vem sendo chamada pelos dirigentes europeus de “contrato único”. As informações são do portal Telesur.

O comissário europeu de Empregos, László Andor, em visita a Madrid, afirmou que o país precisa tomar medidas drásticas agora e “a longo prazo” para driblar o problema do desemprego. O contrato único seria essa saída. “Muitas vezes, é preciso realizar mudanças legislativas para encontrar uma solução para o problema”, analisa.

A UE lamentou que o governo espanhol tenha caracterizado como “inconstitucional” a proposta de contrato único – em primeira instância, tanto base governista quanto oposição refutaram o projeto.

O argumento utilizado pelos dirigentes da UE é que a proposta diminuiria as contratações temporárias e traria uma nova modalidade de vínculo empregatício, que poderia remunerar os trabalhadores de forma mais sustentável aos empregadores.

No final de abril, o número de desempregados na Espanha superou pela primeira vez a marca de seis milhões de pessoas, ao alcançar 27,16% da população ativa no primeiro trimestre do ano. Os dados oficiais foram levantados em uma pesquisa da Enquete de População Ativa (EPA) e registram um recorde de uma série histórica iniciada em 1970.

László Andor defende uma mudança radical na criação de empregos na Europa. No entanto, os sindicatos espanhóis acreditam que a medida é uma antiga fórmula neoliberal, em “que o custo da demissão é reduzido de acordo com o interesse patronal e põe o trabalhador em uma situação delicada, aceitando qualquer tipo vaga profissional, pois precisam de dinheiro”.

A Espanha tem atualmente 6.202.700 desempregados, depois que, nos três primeiros meses do ano, o contingente de pessoas sem trabalho aumentou em 237.400.

 

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