Promotoria pede seis anos de prisão para Berlusconi por caso de sexo com menores

Itália

Richard Morgano. EFE

Na visão da promotora, o ex-primeiro-ministro sabia que estava se relacionando com uma menor de 18 anos

Roma – A Promotoria de Milão solicitou hoje (13) seis anos de prisão e proibição perpétua de ocupar cargos públicos para o ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi pelo chamado “caso Ruby”, no qual o empresário e político conservador é acusado de abuso de poder e incitação à prostituição de menores.

Em uma audiência realizada em Milão, cujo áudio foi divulgado pela imprensa local, a promotora Ilda Boccassini pediu a condenação para o político ao afirmar que “não existe dúvida” de que a jovem marroquina Karima El Marough, conhecida como ‘Ruby’, “tinha tido sexo com Berlusconi e obtido benefícios em troca” quando ainda não tinha completado 18 anos.

Boccassini disse que foram convidadas para festas na mansão de Berlusconi em Arcore, próxima a Milão, meninas “que faziam parte de um sistema de prostituição organizado para a satisfação do prazer sexual” do político. Ruby “obtinha de Berlusconi diretamente o que precisava para viver em troca das noites em Arcore”, disse a promotora, acrescentando não ter dúvidas de que a jovem se prostituía e que o ex-primeiro-ministro pode ter dado a ela mais de 4,5 milhões de euros, segundo escutas telefônicas e o rastreamento de uma conta bancária do político.

Para a promotoria, não existem dúvidas de que Berlusconi estava a par que Ruby era menor de idade quando participou de suas festas e supostamente manteve relações sexuais pagas entre fevereiro e maio de 2010, meses antes de a jovem, em novembro daquele ano, completar 18 anos.

Na audiência foi abordado também o outro crime do qual Berlusconi é acusado: o abuso de poder que teria cometido pela ligação telefônica que fez em maio de 2010 a uma delegacia de Milão na qual estava detida Ruby por um pequeno roubo para exigir sua libertação, afirmando que a menina era sobrinha do então presidente do Egito, Hosni Mubarak.

“O acusado é culpado do crime de abuso de poder porque, abusando de seu cargo, fez com que a menor recebesse um benefício não patrimonial indevido, que consiste em sua saída da esfera de controle da polícia”, disse a promotora.

Para Boccassini, a quem Berlusconi considera um de seus maiores “inimigos públicos”, o suposto parentesco entre a jovem e Mubarak era “um embuste colossal” e isso também era sabido pelos policiais da delegacia, pois já então se falava da relação do então governante com outra jovem, Noemi Letizia.

Com o pronunciamento da promotoria, o julgamento em primeiro grau do “caso Ruby” se aproxima de seu final, quando será ditada a sentença, o que pode representar uma nova dor de cabeça para o ex-primeiro-ministro, que no dia 8 de maio viu naufragar seu pedido de apelação da condenação a 4 anos de prisão e 5 de proibição de ocupar cargos públicos por causa de uma fraude fiscal no “caso Mediaset”.

Berlusconi tem ainda pendente em apelação o “caso Unipol”, no qual em primeira instância foi condenado em 7 de março a um ano de prisão por violação de segredo de justiça, ao divulgar ilegalmente escutas telefônicas de uma instrução judicial no jornal “Il Giornale”, propriedade de seu irmão Paolo.