Presidente da Itália convoca vice do partido de centro-esquerda para formar governo de coalizão

São Paulo – O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, convocou hoje (24) o vice-secretário do Partido Democrata (PD), Enrico Letta, para ser o encarregado de formar o novo governo do país. […]

São Paulo – O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, convocou hoje (24) o vice-secretário do Partido Democrata (PD), Enrico Letta, para ser o encarregado de formar o novo governo do país. O partido, de centro-esquerda, foi o vencedor da última eleição legislativa, realizada em fevereiro, mas como não obteve maioria no Senado, ainda não conseguiu apoio suficiente para organizar um novo Executivo.

Letta, de 46 anos, aceitou a incumbência “com reservas”, o que significa que ele terá um determinado tempo para fazer suas consultas e se reunir novamente com Napolitano para dar sua resposta definitiva. O dirigente substituirá Pier Luigi Bersani, líder demissionário do PD, que não obteve sucesso nas negociações.

“Recebi a incumbência e aceito com reservas. Minha surpresa esta manhã foi receber uma ligação telefônica de Napolitano e em igual medida foi o sentido de profunda responsabilidade que esta incumbência faz sentir sobre meus ombros. A situação é muito difícil, frágil”, disse o político do PD. “Todos sabem que esta situação não pode durar. Neste sentido, aceitei o convite, responsabilidade que sinto mais forte e pesada que a capacidade dos meus ombros têm para aguentar”, acrescentou.

O dirigente foi encarregado de formar um governo de coalizão entre os partidos com representatividade no governo. Além do PD, eles são o PdL (Povo da Liberdade), legenda de direita comandada pelo ex-premiê Silvio Berlusconi e que conta com apoio da Liga Norte, sigla de extrema-direita; a Opção Cívica, coligação de centro apoiado pelo primeiro-ministro interino, o tecnocrata Mario Monti; e o Movimento 5 Estrelas, partido recém-criado pelo dissidente do PD Beppe Grillo.

Bersani e o PD se recusam a fazer aliança com o PdL, arquirrival histórico. Já o Movimento 5 Estrelas não quer se aliar à centro-esquerda. A Opção Cívica já havia entrado em acordo com Bersani, porém, não é tem senadores suficientes para alcançar a maioria. A tendência agora é que, com a intermediação de Napolitano, o país forme um governo de coalizão. Caso não seja possível, novas eleições deverão ser convocadas até junho.

A figura de Letta, um jovem político de 46 anos, mas já com um longa carreira e uma grande experiência pois foi europarlamentar, três vezes ministro e também subsecretário da Presidência, venceu a de Giuliano Amato, de 75 anos, que seria outra opção de Napolitano.

De perfil moderado e originário da linha da Democracia Cristã, Letta era o braço direito de Pier Luigi Bersani, e todos apontam que o político pode ser seu herdeiro no partido. No entanto, a recente divisão ocorrida na semana passada, quando o partido não conseguiu entrar em consenso para apontar um novo presidente – fazendo com que Napolitano aceitasse a indicação para ficar no cargo por mais sete anos.

Depois de se reunir ontem com Napolitano durante as rodadas de consultas que o presidente realizou com os partidos, Letta frisou a necessidade de reformar a política para “sair da crise”, priorizando a redução do número de parlamentares e a abolição das províncias (regiões equivalentes aos Estados no Brasil), assim como adotar um novo sistema eleitoral.

“As reformas necessárias teremos que fazer juntos, com a máxima participação possível. Tudo isto pode ser feito se a Itália e a Europa mantiverem uma linha de mudança. A União Europeia esteve demais focada em políticas de austeridade que não são suficientes”, disse. “O país necessita respostas, sobretudo essa parte do país que sofre por motivos trabalhistas, um trabalho que não existe, que se perdeu, empresas que fecham, Devemos ter vontade de nos ocupar dos jovens que vão para fora do país porque não encontram oportunidades”, acrescentou.

Afundada em desemprego e crise econômica, causada principalmente pelo estouro de sua dívida soberana, a Itália se encontra em estagnação política há dois meses.

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