Mercosul deverá manter suspensão do Paraguai
Presidentes da Bolívia e do Equador confirmam presenças como convidados, enquanto Hugo Chávez, da Venezuela, pode se ausentar, por conta de tratamento médico
Publicado 05/12/2012 - 09h54
Brasília – Há quase seis meses suspenso do Mercosul, o Paraguai negocia para revogar a sanção. O tema será tratado na Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, na sexta-feira (7), em Brasília. Porém, a suspensão deverá ser mantida pelo menos até 21 de abril de 2013, quando ocorrem eleições presidenciais no Paraguai, segundo negociadores que acompanham as discussões.
A decisão de manutenção segue o que ocorreu na Cúpula dos Chefes de Estado e Governo da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), no Peru. Como os integrantes do Mercosul também fazem parte da Unasul, a tendência de manter a decisão definida na última cúpula é considerada certa. Na semana passada, em Lima, no Peru, os presidentes dos países que integram a Unasul decidiram manter a suspensão. Os líderes concluíram que não houve fato novo para mudar a decisão.
Para os presidentes, no Paraguai ocorreu o rompimento da ordem democrática durante a destituição do então presidente Fernando Lugo, em 22 de junho deste ano. O Paraguai foi suspenso da Unasul e do Mercosul em 29 de junho, depois que os líderes sul-americanos levantaram dúvidas sobre a forma como ocorreu o processo de impeachment de Lugo – em menos de 24 horas, Câmara e Senado aprovaram a destituição.
Integram a Unasul a Bolívia, Colômbia, o Equador, Peru, a Argentina, o Brasil, Paraguai, Uruguai, a Venezuela, o Chile, a Guiana e o Suriname. São países observadores o Panamá e o México. O Mercosul é formado pelo Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Venezuela e o Paraguai. O Chile, o Equador, a Colômbia, o Peru e a Bolívia estão no grupo como associados.
Com a entrada da Venezuela, o Mercosul passou a reunir 270 milhões de habitantes, o equivalente a 70% da população da América do Sul, cujo Produto Interno Bruto (PIB) totaliza US$ 3,3 trilhões, aproximadamente 83,2% do PIB sul-americano, em um território de 12,7 milhões de quilômetros quadrados ou 72% da região.
Em comunicado, o governo paraguaio reagiu à decisão da Unasul de manter a suspensão em vigor desde junho. No texto, o Ministério de Relações Exteriores paraguaio classificou a decisão como “perseguição sistemática” do bloco regional e anunciou que iniciará campanha para torná-la pública, mobilizando todas as suas embaixadas.
Durante a reunião da Unasul houve um relato detalhado do coordenador do Grupo de Alto Nivel da instituição, o peruano Salomon Lerner Ghitis, que esteve no Paraguai para verificar o andamento do processo eleitoral. Após a visita, o grupo recomendou a manutenção das eleições presidenciais de 21 de abril de 2013, que serão acompanhadas por uma missão da Unasul. A Organização dos Estados Americanos informou que também enviará missão para acompanhar as eleições.
Futuro
Convidados para a Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, os presidentes Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia) confirmaram presença e virão para negociar as adesões de ambos os países ao bloco.
As negociações ainda estão no começo, apesar das articulações políticas avançadas. Mas o processo leva tempo, em geral, anos. No caso da Venezuela, a inclusão no Mercosul começou a ser negociada em 2006 e só foi concluída em 2012.
Chávez
Em Cuba para tratamento médico, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de 58 anos, é presença incerta na Cúpula do Mercosul, em Brasília. A Embaixada da Venezuela no Brasil, que antes confirmava a presença dele, agora diz que é necessário aguardar informações da Presidência da República.
A presença de Chávez é aguardada porque é a primeira vez desde a oficialização do ingresso da Venezuela no Mercosul, em julho passado, que haverá uma cúpula antecedida por uma série de reuniões técnicas e temáticas.
Já confirmaram presença no encontro, que será comandado pela presidenta Dilma Rousseff, Cristina Kirchner (Argentina), José Pepe Mujica (Uruguai), além de Rafael Correa e Evo Morales.
O Mercosul é formado pelo Brasil, pela Argentina, pelo Uruguai, pela Venezuela e pelo Paraguai – que está suspenso do bloco até abril de 2013. O Chile, o Equador, a Colômbia, o Peru e a Bolívia estão no grupo como países associados. Há ainda os membros observadores: o México e a Nova Zelândia.