Constituição do Egito é aprovada em referendo, diz Irmandade Muçulmana

'Sim' teria recebido 64% dos votos contra 36% do 'não' nas duas fases de votação

São Paulo – A Irmandade Muçulmana anunciou hoje (23) a vitória do “sim” na segunda etapa do referendo constitucional realizado no Egito. Segundo dados não oficiais do grupo político, o texto teria sido aprovado por 71% dos eleitores ontem. Uma rede de TV egípcia também anunciou o mesmo resultado.
 
“De acordo com as nossas estimativas, o resultado final da segunda fase [do referendo] é de 71% de votos no ‘sim’ e o resultado total [das duas rondas] é de 63,8%”, disse à agência Reuters um responsável da Irmandade Muçulmana que participou na contagem dos votos. O “não” teria recebido 36,2% dos votos. O referendo decorreu em duas fases – a primeira no passado dia 15 e a segunda neste sábado.
 
O grupo, ao qual pertenceu o presidente egípcio, Mohammed Mursi até chegar ao poder, informou que o “sim” venceu em 16 das 17 províncias onde a segunda etapa da votação foi realizada. A única exceção a favor do “não” foi em Menufiya, ao norte).
 
Já nas demais províncias, os dados da Irmandade Muçulmana apontam para uma vitória folgada do “sim” nas outras províncias, entre as quais se encontram Giza, que abrange parte do Cairo, Suez (leste do país) e Luxor.

Por sua vez, a televisão egípcia indicou que o “sim” conseguiu 70,7% dos votos na segunda rodada, enquanto o jornal estatal “Al Ahram” o avalia em 71,4%. A taxa de participação foi baixa, em torno de 32%.

O primeiro turno ocorreu há uma semana em outras dez províncias, entre elas Cairo e Alexandria, e nela ganhou o “sim” com quase 57% dos votos, sempre segundo os resultados oficiosos.

Durante a segunda rodada do plebiscito, tanto Irmandade Muçulmana como a opositora FSN (Frente de Salvação Nacional), que reúne grande parte da oposição não islâmica, denunciaram várias irregularidades.

O FSN apoiou o “não” ao considerar que a redação da minuta da Constituição foi monopolizada pelos islâmicos e que o texto corta direitos e liberdades, além de abrir a porta para uma interpretação islâmica da lei. O projeto da nova Constituição – aprovado por uma Assembleia Constituinte dominada pelos islamistas da Irmandade Muçulmana e boicotado pela maioria da oposição secular, liberal e cristã – mantém os princípios da sharia (lei islâmica) como fonte principal de legislação.

A organização não governamental Human Rights Watch considerou que este projeto de Constituição “protege alguns direitos, mas mina outros”. A Anistia Internacional afirma que o texto “ignora os direitos das mulheres, restringe a liberdade de expressão em nome da proteção da religião e permite aos militares julgar civis”.

Se a comissão que acompanhou a realização do referendo confirmar a vitória do “sim” – o que poderá ocorrer amanhã (24) –, os egípcios serão chamados a votar dentro de dois meses para escolherem a formação do futuro Parlamento.

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