‘El País’ demite 129 e critica funcionários que se mobilizaram contra a dispensa

Direção do jornal culpa a crise econômica na Europa e as novas tecnologias, que teriam provocado queda nas vendas e redução de anúncios

São Paulo – Um dos mais importantes jornais do mundo, o diário espanhol El País anunicou no último sábado (10) a demissão de 129 empregados. Entre eles figuram jornalistas experientes, que trabalhavam há décadas no periódico. Um deles é Ramon Lobo, que havia trabalhado como correspondente do El País nas guerras dos Bálcãs, Chechênia, Iraque e Afeganistão. “Minha trajetória foi insuficiente”, lamentou em sua conta no Twitter. De acordo com o jornal argentino Página/12, os empregados do El País souberam das demissões após alguns funcionários terem vazado a lista dos demitidos por e-mail. O anúncio oficial viria depois.

Os cortes no diário espanhol, uma das estrelas do Grupo Prisa, foram motivados por um programa de redução de custos que previa a demissão de 149 pessoas. A negociação com os trabalhadores prosperou apenas para poupar o emprego de 20 funcionários. Num extenso editorial publicado ontem (11), o El País justifica a demissão em massa.

“As razões para tão drástico e doloroso ajuste de pessoal residem não apenas na profunda crise econômica que atravessa o mercado, mas também e sobretudo na mudança radical que experimenta o setor, consequência da implantação das novas tecnologias”, escreveu, citando uma lista de jornais tradicionais que também passam por sérias dificuldades financeiras, como o norte-americano New York Times e o francês Le Monde. “No caso do El País, as vendas caíram 22% e a publicidade, 65%.”

O texto oficial também critica a mobilização dos trabalhadores do diário, que tentaram defender seus direitos com mobilizações, negociações e inclusive uma paralisação de três dias, seguida por 80% dos quadros do jornal. “Apesar disso, o diário foi publicado, ainda que prejudicado em sua qualidade, e manteve atualização permanente na internet”, afirma a carta que o jornal dirigiu aos leitores em sua edição dominical. “Lamentamos que o serviço tenha sido prejudicado.”

A direção do El País estima que cerca de 8 mil jornalistas perderam seus empregos na Espanha durante a crise econômica e existencial dos periódicos, que já não conseguem manter os mesmos níveis de rentabilidade de antes devido às novas tecnologias, à queda nas vendas e à redução dos anúncios publicitários. Por isso, muitos estão deixando suas versões em papel no passado, como as norte-americanas Christian Science Monitor e Newsweek. “Nos Estados Unidos, cerca de 40 mil pessoas já perderam seus empregos”, conclui a nota.

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