Após madrugada de protestos, Grécia amanhece com novo recorde de desemprego

A taxa de desemprego mais que triplicou desde a queda da economia do país, iniciada no segundo semestre de 2008

A revolta se intensificou frente às incertezas e a uma taxa de desemprego de 58% entre os jovens (Foto: Yannis Behrakis / Reuters)

Na Grécia, a madrugada foi de protestos e quebra-quebra depois que mais um pacote de cortes de gastos foi aprovado pelo governo. Abalado com mais austeridade, o país amanheceu com a notícia de que a taxa de desemprego subiu pelo 39º mês consecutivo e atingiu a marca recorde de 25,4% em agosto, mais que o dobro da média de 11,5% da zona do euro, disse o serviço de estatísticas da Grécia Elstat hoje (8).

Além disso, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, afirmou que não é uma certeza a liberação do empréstimo para a Grécia na semana que vem, apesar da votação no parlamento. 

A taxa de desemprego mais que triplicou desde a queda da economia do país, iniciada em 2008. O desemprego agora atinge 58% da população entre 15 e 24 anos, ante 20% em agosto de 2008. Em agosto, 1,27 milhão de gregos estavam desempregados, uma alta de 38% em relação a igual mês do ano passado. Em agosto de 2011, a taxa de desemprego estava em 18,4%. Em julho deste ano, a taxa (revisada) havia atingido a marca de 24,8%.

Estima-se que economia grega tenha encolhido em 20% desde então. A queda deve continuar em 2013, quando o governo se prepara para novos cortes orçamentários e aumentos de impostos na faixa de € 9,4 bilhões de euros como condições para receber mais fundos de resgate internacional.

Ontem, conforme informou a reportagem de Opera Mundi em Atenas, a polícia grega reprimiu com gás lacrimogêneo e balas de borracha milhares de manifestantes que protestaram em frente ao parlamento grego. Coquetéis molotov, pedras e pedaços de madeira foram lançados pela população em fúria, que antes protestava pacificamente.

O centro de Atenas estava caótico nesta manhã, com a decisão dos funcionários dos principais transportes urbanos prolongarem a greve de terça-feira e quarta-feira por outras 24 horas, em protesto contra as novas medidas de austeridade aprovadas ontem à noite no Parlamento.

A decisão de manter a greve foi anunciada em comunicados pelos sindicatos dos empregados do metrô e dos trens elétricos, assim como dos proprietários de táxis, que estão em greve desde segunda-feira em protesto pela liberalização de sua profissão.

Crise social

O novo pacote aprovado  prevê um desembolso de 31,5 bilhões de euros (cerca de R$ 81,9 bilhões) em troca de medidas impopulares de austeridade. Apesar da aprovação, a coalizão do primeiro-ministro Antonis Samaras, do partido Nova Democracia, de centro-direita, perdeu fileiras e começa a mostrar sinais de fraqueza.

Há quatro meses, quando foi eleito, Samaras contava com o apoio de 174 parlamentares. Na votação desta noite, 153 disseram sim ao pacote, resultado da debandada de membros da Esquerda Democrática, que se recusou a navegar com o governo pelos cortes profundos em todas as esferas do Estado grego. A oposição contabilizou 128 votos e outros 18 se abstiveram.

Como sinal do forte estremecimento na base do governo, a Nova Democracia expulsou um de seus deputados, que decidiu ir contra o pacote, e o PASOK, que também faz parte da coalizão, expulsou outros seis rebeldes. A sustentação de Samaras passará por mais um crivo importante no fim de semana, quando o Parlamento vota o orçamento grego.

A Grécia vive uma profunda crise social, com desemprego acima dos 25% – e extrapolando os 50% entre jovens de 18 a 25 anos. O pessimismo atinge 100% da população, segundo pesquisa recente da União Europeia, e casos de violência contra imigrantes são cada vez mais comuns.

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