Venezuela: candidatos intensificam agenda na reta final da campanha

Eleições presidenciais venezuelanas ocorrem no mesmo dia que o pleito municipal brasileiro. Hugo Chávez segue líder nas pesquisas, mas o opositor Henrique Capriles promete surpreender

Henrique Capriles prometeu finalizar rapidamente obras de infraestrutura que Hugo Chávez não conseguiu concluir (Foto:Reuters)

São Paulo – A cinco dias das eleições presidenciais venezuelanas, os dois principais candidatos ao Palácio de Miraflores intensificaram suas agendas de campanha pelo país. Enquanto Henrique Capriles, da opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), prometeu hoje (2) finalizar rapidamente obras de infraestrutura que o atual presidente, Hugo Chávez, não conseguiu concluir após 14 anos de governo, o candidato à reeleição, filiado ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), prometeu obter conquistas sociais 100 vezes maiores caso vença o pleito do próximo dia 7.

Em tom desafiador, Capriles discursou no estado de Mérida e garantiu que suas primeiras ações deverão priorizar usinas elétricas, estradas, hospitais e obras turísticas. “Quem vai acreditar que as obras que não foram feitas até agora serão feitas no próximo mandato de Hugo Chávez?”, questionou, explorando uma das maiores queixas do eleitorado venezuelano: as frequentes falhas nos serviços públicos, especialmente no interior. Já o presidente foi a estrela de um comício no estado de Yaracuy, onde assegurou que já na próxima segunda-feira a Venezuela assistirá a um “novo governo do povo”, com ainda mais justiça e futuro. “Me comprometo a lutar contra os muitos problemas que ainda prejudicam os venezuelanos, como a pobreza extrema e a ineficácia”, afirmou.

Hugo Chávez prometeu obter conquistas sociais 100 vezes maiores caso vença o pleito (Foto:Reuters)

De acordo com a agência Reuters, as pesquisas de intenção de voto indicam favoritismo de Hugo Chávez no pleito de domingo, mas alguns institutos atestam que Henrique Capriles vem crescendo. Essa é a disputa eleitoral mais acirrada que o presidente venezuelano, que se recupera de um câncer, enfrenta desde a sua primeira vitória eleitoral, em 1998. A disputa pelo Palácio de Miraflores será definida já neste dia 7 de outubro, uma vez que na Venezuela não há segundo turno: vencerá o candidato que conseguir mais votos, e Chávez pediu a seus correligionários que lhe propiciem uma vantagem de 10 milhões sobre seu principal adversário.

Resultados

Depois de um grande ato de encerramento da campanha neste domingo (30), em Caracas, o candidato da oposição disse ontem em coletiva de imprensa com meios de comunicação estrangeiros que irá “respeitar a vontade popular” diante dos resultados das eleições, mas não confirmou se reconhecerá o resultado emitido pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral). De acordo com o site Opera Mundi, Capriles também afirmou que, se eleito, o Brasil será um dos primeiros países que visitará.

Respondendo se iria “respaldar” os resultados eleitorais, sejam eles favoráveis ou contrários, Capriles se contradisse. Apesar de afirmar que aceita “a vontade do povo”, sublinhou que ela não seria a mesma que a do “governo”. O CNE é um órgão independente que rege todo o sistema eleitoral no país. De acordo com a Constituição da Venezuela, não pode sofrer ingerência dos poderes executivo, legislativo nem judiciário. O sistema eleitoral venezuelano é ao mesmo tempo eletrônico e manual: o cidadão vota numa urna semelhante à brasileira, mas que também expele uma cédula para ser depositada numa urna convencional. Há, portanto, duas maneiras de confirmar o resultado.

Desde o início da campanha eleitoral, os chavistas pressionam Capriles a declarar se vai “aceitar” os resultados emitidos pelo CNE. Até o momento o candidato não respondeu à pergunta objetivamente. “Para mim, a expressão do nosso povo é sagrada, mas não posso me antecipar. Comprometa-se o governo a aceitar os resultados sejam quais sejam e eu me comprometo a aceitar a vontade do nosso povo”, disse, também segundo o Opera Mundi.

Em julho, o CNE emitiu um documento onde pedia que todos os candidatos assinassem um compromisso em aceitar os resultados, mas Capriles foi o único que não assinou. Em seu lugar, firmou o documento o deputado nacional Juan Carlos Caldera, agora afastado da campanha após ser flagrado recebendo dinheiro de um empresário. O flagra foi captado em um vídeo divulgado pelo PSUV, ao qual Chávez é filiado.

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