Rebeldes líbios alcançam Trípoli e detêm filho de Khadafi

São Paulo – Após um fim de semana de ações coordenadas entre grupos rebeldes e bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), os insurgentes alcançaram a capital líbia, […]

São Paulo – Após um fim de semana de ações coordenadas entre grupos rebeldes e bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), os insurgentes alcançaram a capital líbia, Trípoli, e teriam encontrado pouca resistência, segundo agências de notícias. Um dos sete filhos e sucessor de Muammar Khadafi, Saif Al Islam, teria se rendido aos rebeldes de acordo com informações do Tribunal Penal Internacional (TPI).

Os relatos foram publicados ainda na noite de domingo (21) e na madrugada desta segunda-feira (22). O canal da emissora estatal do país foi tirado do ar, bem como a rede Al-Libiya, que pertence a Saif al-Islam.

O presidente do Conselho Nacional de Transição, principal organização dos rebeldes – e reconhecido por países europeus e pelos Estados Unidos como um regime legítimo –, Mustafa Mohammed Abdul Jalil, sustenta que o movimento será encerrado apenas quando Khadafi renunciar. Jalil promete manter o filho capturado do “em um local seguro até que seja entregue ao Judiciário”.

Horas depois de os insurgentes terem assumido o controle da maior parte da capital, último reduto importante de forças leais a Khadafi, aconteceram embates violentos na área em volta do quartel-general do líder, onde ele reside desde maio. Segundo a rede britânica BBC, rebeldes admitem que forças favoráveis ao líder líbio ainda controlam de 15% a 20% de Trípoli. O regime líbio afirma possuir 65 mil soldados sob seu comando.

Apesar de a resistência ter sido menor do que a esperada, o porta-voz e ministro das Comunicações de Khadafi, Moussa Ibrahim, disse que 1.300 pessoas foram mortas na cidade de sábado para domingo. Outras fontes sustentam que o saldo trágico dos embates alcançaria 3 mil vítimas fatais.

Em mensagem de áudio, transmitida no domingo à noite, Khadafi ainda pediu a moradores da capital que “salvassem” a cidade dos rebeldes, a quem acusa de “traidores”. Em meio a críticas ao apoio da Otan às “gangues armadas” insurgentes, Ibrahim disse que o regime está disposto a negociar diretamente com o conselho rebelde.

Pressão

Líderes da Europa e dos Estados Unidos exortaram Khadafi a reconhecer que o governo de 42 anos chegou ao fim. “(Khadafi) precisa abandonar o poder de uma vez por todas”, pediu presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em nota no domingo. França, Alemanha, Grã-Bretanha e Otan manifestaram-se de modo semelhante.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou que a situação de Khadafi está “desmoronando”. Para a chanceler alemã, Angela Merkel, “Khadafi perdeu sua legitimidade” há um tempo. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse apoiar a “libertação da Líbia desse regime opressivo e ditatorial”.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, segue como um dos poucos a defender o líder líbio, criticando a ação dos países europeus e dos Estados Unidos, a quem acusa de atacar “escolas, hospitais, casas, negócios, fábricas, fazendas”. “Pedimos a Deus para trazer paz ao povo líbio e ao povo do mundo”, disse.

Com informações da Agência Brasil e OperaMundi

Cronologia do conflito

Milhares de pessoas morreram na Líbia nos quase sete meses que dura o conflito entre os rebeldes do Conselho Nacional de Transição (CNT) e os homens fiéis a Muamar Kadafi. Estes são alguns dos fatos mais importantes ocorridos durante o conflito líbio:.

Fevereiro.

Dia 15-16 – Começam as primeiras revoltas na Líbia. Dois mil manifestantes protestam em Benghazi (reduto da oposição) por causa da detenção de um ativista de direitos humanos e contra os governantes corruptos. Há 38 feridos e, em Al Baida, morrem duas pessoas.

Dia 17.- Os protestos se espalham no chamado “dia da cólera”. O Exército começa a utilizar fogo real. Segundo a Al Jazeera há 14 mortos.

Dia 19.- O Exército dispara em Benghazi contra os manifestantes e são registrados confrontos em Musratha, a 200 quilômetros de Trípoli.

Dia 21.- Os opositores controlam Benghazi e Jalu, e alguns membros do Exército começam a desertar.

Primeira deserção de um membro do regime: renuncia o ministro da Justiça e os imames das mesquitas convocam todos à luta.

Dia 22.- Kadafi diz que não deixará o poder e que está disposto a morrer.

A fronteira com o Egito fica sob controle dos opositores, enquanto se inicia o isolamento internacional de Kadafi: A Liga Árabe suspende a participação da Líbia em suas reuniões.

Dia 23.- Um membro líbio do Tribunal Penal Internacional avalia em dez mil o número de mortos desde o início dos protestos.

Dia 25.- A União Europeia (UE) estuda sanções e os Estados Unidos congelam os ativos de Kadafi e de sua família.

Dia 27.- A ONU aprova sanções contra Kadafi, bloqueia seus bens no exterior e impõe o embargo de armas.

– A oposição anuncia a criação de um Conselho Nacional de Transição (CNT).

– Cem mil refugiados fogem para as fronteiras com Tunísia e Egito.

Março

Dia 2.- Kadafi ameaça com “milhares de mortos” se os EUA ou a Otan entrarem na Líbia.

Dia 3.- O Tribunal Penal Internacional anuncia que averiguará Kadafi e outros membros de seu regime por supostos crimes de lesa-humanidade.

Dia 9.- Tropas pró-governo reconquistam Al Zawiyah e os rebeldes reivindicam ajuda internacional.

Dia 10.- As tropas de Kadafi lançam uma grande ofensiva contra os rebeldes em Ras Lanuf.

Dia 11.- A UE considera um “interlocutor político” o rebelde Conselho Nacional de Transição (CNT).

Dia 12.- A Liga Árabe reconhece o comando rebelde.

Dia 17.- A ONU aprova a resolução 1973 para tomar “todas as medidas necessárias” para proteger a população civil, embora exclua a intervenção em solo líbio.

Dia 19.- Após a “Cúpula de Paris”, começa a intervenção militar.

Dia 20.- Uma área de exclusão aérea é imposta.

Dia 21.- A força internacional bombardeia Trípoli, destrói um prédio do palácio de Kadafi e consegue que suas tropas se retirem em Benghazi.

Dia 22.- Divergências na Otan sobre seu papel nas operações. Fica acertado o uso de meios navais para aplicar o embargo de armas.

Dia 27.-A Otan assume as operações.

Dia 29.- Conferência Internacional de Londres: fica acertada a criação de um grupo de contato.

Dia 30.-O ministro de Exteriores líbio deixa o país.

Abril

Dia 7.- Um ataque aéreo da Otan causa 50 mortes em Brega.

Dia 10.- A Otan empreende a maior ofensiva em três semanas na qual morrem dezenas de homens leais a Kadafi em Ajdabiya.

Dia 19.- A ONU consegue abrir um corredor humanitário.

Dia 25.- A Otan bombardeia o complexo residencial de Kadafi em Trípoli.

Dia 30.- A Otan bombardeia de novo instalações de Kadafi, que assegura que matou seu filho mais novo e três netos.

Maio

Dia 8.- As tropas de Kadafi prosseguem seus ataques em todas as frentes abertas sobretudo em Misrata onde, segundo a AI, podem constituir crimes de guerra.

Dia 16.- O Tribunal Penal Internacional solicita uma ordem de detenção contra Kadafi, seu filho Saif por supostos crimes de lesa-humanidade.

Dia 24.- Um novo ataque da Otan em Trípoli, o maior desde o início de suas operações, causa 19 mortos e 150 feridos, todos civis.

Dia 28.- A Otan ataca à luz do dia as cercanias do palácio de Kadafi. Onze pessoas morrem, segundo o regime.

Junho

Dia 7.- Os rebeldes asseguram ter tomado Yafran a cem quilômetros de Trípoli, cidade que permanecia desde o início do conflito nas mãos das forças de Kadafi.

Julho

Dia 1.- Cerca de 1,2 milhão de pessoas fugiram desde o inicio do conflito.

Dia 18.- Os rebeldes assumem o controle do bairro oriental de Brega, após cinco dias de combates.

Dia 9.- Oitenta e cinco civis morrem em uma incursão aérea da Otan a leste de Trípoli.

Dia 10.- A UE aprova formalmente a quinta rodada de sanções contra Trípoli.

Dia 2.- Os rebeldes anunciam estar às portas de Trípoli, após ter tomado Brega e a refinaria de Zawiyah, as principais fontes de energia do regime.

Dia 21.- A Otan bombardeia o quartel-general de Kadafi e um aeroporto em Trípoli.

Dia 22.- Rebeldes afirmam controlar de 80% a 85% da capital e conclamam Khadafi a deixar o poder.

(OperaMundi)

Leia também

Últimas notícias