Chefe de Polícia de Buenos Aires cai por espionar Cristina Kirchner
Governo conservador de Maurício Macri perde segundo chefe de polícia em apenas um semestre; Antes de Chamorro, Jorge El Fino Palacios não pôde assumir o cargo sob pressão da sociedade
Publicado 17/11/2009 - 18h23
Organizações sociais têm promovido manifestações contra a Polícia Metropolitana que, somada a outros organismos do governo Macri, é acusada de ações ilegais e violentas (Imagem: divulgação Huerta Orgázmika)
O chefe da Polícia Metropolitana de Buenos Aires, Osvaldo Chamorro, foi demitido nesta terça-feira (17) depois da acusação de comandar um esquema de espionagem contra a presidente Cristina Kirchner. Além dela, o marido e ex-presidente, Néstor Kirchner, deputados e senadores tinham a vida vasculhada por Chamorro.
O ministro de Segurança da capital argentina, Guillermo Montenegro, destacou que seu funcionário utilizava dados que podem ser consultados por qualquer pessoa, mas admitiu que houve irresponsabilidade no caso. “Ainda que realizar esse tipo de atividade não é ilegal e qualquer um pode fazê-lo porque a informação da empresa Nosis é pública, no contexto no qual nos encontramos o chefe de governo entendeu que foi uma falta ética grave e por isso decidimos pedir a renúncia dele”, ressaltou.
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Chamorro caiu nas investigações promovidas pelo juiz federal Norberto Oyarbide, que encontrou no computador do ex-chefe de polícia pedidos de informações sobre a situação patrimonial e financeira de um grupo de políticos, entre eles o próprio chefe de gabinete do governo portenho. Na máquina foi possível detectar um nome de usuário e uma senha que levavam a buscas de dados de parlamentares da base de Cristina Kirchner.
Polícia Metropolitana
Criada há um ano pelo governo conservador de Maurício Macri, a Polícia Metropolitana já consumiu em torno de R$ 300 milhões, de acordo com cálculos de movimentos sociais, que lembram que é o mesmo investido em um ano de educação pública e seis vezes o destinado a habitação.
Antes da nomeação de Chamorro, a intenção de Macri era colocar à frente da instituição Jorge “El Fino” Palacios, policial acusado de ir à Praça de Maio durante os movimentos de dezembro de 2001 para matar ao menos cinco manifestantes. Além disso, Palacios é investigado por envolvimento no maior atentado da história argentina. Em 1994, um atentado contra a organização judia AMIA matou 85 pessoas e feriu 300, e El Fino é acusado de dar cobertura a organizadores e cúmplices da ação.
Com informações do jornal Crítica de Argentina.